Page 17 Volume 18 - N.2 - 2010
P. 17
Dor (2010) 18
Quadro 1. Características demográficas
10
n = 24 9
Idade 70,7 ± 5,8 anos 8
Sexo (M/F) 6/18 7
6
ASA (I/II/III) 0/24/0
EVA 5
Técnica anestésica (AGB/BSA) 10/14 4
3
2
Todos os doentes receberam a monitoriza- 1
ção standard intra-operatória preconizada pela 0
ASA e BIS quando submetidos a AG. Durante
a cirurgia foi utilizado garrote insuflado a uma 12 h 24 h 48 h
pressão variável de acordo com a tensão ar-
terial. EVA
Controlo e avaliação da dor no pós-operatório 12 h 2,67 ± 1,97
Para o controlo da dor no pós-operatório, foi 24 h 3,24 ± 1,48
prescrito a todos os doentes uma PCA com mor- 48 h 2,58 ± 1,31
fina programada para administrar bolus de 1 mg
com um intervalo de segurança de 10 minutos e 0: sem dor; 10: a pior dor concebível.
paracetamol 1 g de 6/6 h, durante 48 h.
A dor foi aferida nas primeiras 12, 24 e 48 h Figura 1. Avaliação da dor no pós-operatório.
de pós-operatório através da EVA (0: sem dor,
10: a pior dor concebível), pela enfermeira do
Serviço de Ortopedia. Os efeitos secundários,
nomeadamente, náuseas, vómitos, prurido, hipo- Discussão
tensão, sedação, retenção urinária, bloqueio
motor e parestesias, foram avaliados e regista- Os resultados do nosso estudo demonstraram
dos. Os doentes foram interrogados sobre o que o BNF, associado a PCA com morfina ev. e
grau de satisfação em relação a esta técnica ao paracetamol 1 g ev., é uma alternativa eficaz
analgésica. para a analgesia pós-operatória da ATJ, com um
Os dados utilizados foram organizados e ana- grau de satisfação elevado e uma taxa relativa-
lisados utilizando o SPSS 17.0 e o EXCEL 2007 mente baixa de efeitos secundários.
para o Windows. A nossa avaliação retrospectiva tem algumas
limitações, nomeadamente uma amostra reduzida
Resultados (n = 24), a ausência de comparação entre grupos
com esquemas analgésicos diferentes (PCA vs
As características dos doentes estão apre- PCA com BNF), mobilização precoce e a recu-
sentadas no quadro 1. A idade média dos do- peração a longo prazo não foram estimadas.
entes era de 70,7 ± 5,8 anos, sendo a mediana Fowler, et al. consideram que o BNF representa
de 70 anos, 75% eram mulheres e todos ASA II. o melhor balanço entre analgesia versus efeitos
Em 58,3% dos doentes, a ATJ foi realizada sob secundários, surgindo como técnica analgésica
BSA e os restantes sob AGB. de escolha para ATJ, especialmente pelo risco
Da avaliação da dor no pós-operatório verifi- negligenciável de lesão neuroaxial . Vários estu-
8
cou-se que o maior valor médio da EVA foi re- dos comprovaram que o BNF (com PCA), quando
gistado às 24 h de pós-operatório (3,24 ± 1,48) comparado com a PCA isolada, reduziu o con-
e o menor valor médio após as 48 h (2,58 ± 1,31). sumo de morfina às 24 e 48 h 11,12 . James, et al.
Nas primeiras 12 h o valor médio da EVA foi de demostraram que o BNF permite um baixo
2,67 ± 1,97 (Fig. 1). score de dor à mobilização às 24 e 48 h e uma
A maioria dos doentes (87,5%) não apre- reduzida incidência de náuseas. No que diz res-
sentou efeitos secundários, 8,3% referiu náu- peito ao uso de bloqueio contínuo do nervo fe-
seas e vómitos e 4,2% apenas náuseas. As moral ou de bloqueio concomitante do nervo
náuseas e os vómitos ocorreram nas primeiras ciático, vários estudos consideram que não re-
24 h do pós-operatório. Os restantes efeitos se- duz o consumo de morfina e o score da dor .
4,7
cundários avaliados não foram observados. Salinas, et al. relataram para o bloqueio contínuo
Quando inquiridos sobre o grau de satisfação do nervo femoral uma melhor analgesia, mas
DOR da analgesia no pós-operatório, 58,3% conside- também uma maior incidência de lesões nervo-
rou-se «muito satisfeito» e 41,7% «moderada-
sas e complicações infecciosas, sem melhoria
16 mente satisfeito». da qualidade de vida .
13