Page 232 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos
P. 232



216
«sinais vitais da dor», a fim de avaliar o grau de dor e factores causais. A avaliação basal pode ser usada
a resposta ao programa analgésico actual (ver como indicador que permita determinar se a
também o Inventário Breve da Dor). analgesia está a ser eficaz ou não.
 Perguntar aos doentes se tiveram dor na
última semana. As mulheres infectadas pelo VIH sofrem mais?
 Pedir-lhes que descrevam a intensidade da As mulheres sentem a dor de forma diferente dos
dor: ligeira, moderada ou intensa. homens devido a factores biológicos, psicológicos e
 Pedir-lhes que descrevam a sensação de dor: sociais. Os homens e as mulheres respondem de
ardente, penetrante, surda ou aguda. forma diferente a tratamentos farmacológicos e não
 Descobrir o que melhora ou agrava a dor. farmacológicos. As mulheres com dor são muitas
vezes alvo de diagnóstico e tratamento insuficientes.
 Pedir-lhes que classifiquem a dor numa Podem não possuir a informação ou educação
escala numérica de 0 a 10. necessárias para compreender que as suas

 Pedir-lhes que classifiquem a sua qualidade experiências dolorosas podem fazer parte da
de vida numa escala numérica de 0 a 10.
infecção por VIH. A cultura também influencia a
 Questionar acerca de sentimentos de experiência de dor.
tristeza, fadiga e depressão.
Depois de obter uma história clínica, um
exame médico rigoroso ajuda a esclarecer os
Quadro 3
Fontes comuns de dor no VIH/SIDA
Cutânea/Oral Visceral Somática Neurológica/Cefaleias
profunda
Sarcoma de Tumores Doença Cefaleias: associadas ao VIH (encefalite,
Kaposi Gastrite reumatológi meningite, etc.)
Dor da cavidade Pancreatite ca Cefaleias: não associadas ao VIH (tensão,
oral Infecção Dor lombar enxaqueca)
Herpes zoster Perturbaçõ Miopatias Iatrogénica (associada à zidovudina)
Candidíase es do Neuropatia periférica
oral/esofágica tracto biliar Nevrite herpética
Neuropatias associadas a ddI, toxicidades D4T,
álcool, carências nutricionais.
* Modificado a partir de Carr DB. Pain in HIV/AIDS: a major health problem. IASP/EFIC
(comunicado de imprensa). Disponível em www.iasp-pain.org.




Descrição de caso 4

(«nevralgia pós-herpética») clínica de traumatismo. Lembra-se de, há uma semana, ter
sentido um ligeiro estado gripal. A filha esteve recentemente
com varicela. Ao examinar a pele, aparecem duas vesículas
Um homem de 44 anos positivo para o VIH, cumpridor da na extremidade do ombro esquerdo e a dor estende-se
terapêutica anti-retroviral e em situação estável há 3 anos, unilateralmente numa distribuição dermatotópica. É iniciada
queixa-se de fadiga repentina e de dor grave no ombro a toma de valaciclovir oral, um comprimido que combina
esquerdo. Descreve a dor como a pior que alguma vez sentiu, paracetamol (acetaminofeno) e codeína, e ibuprofeno.
uma dor ardente que o desperta de noite, agravada pela
movimentação do ombro esquerdo, levando-o a transpirar
excessivamente, tornando-se incapacitante. Não tem história


   227   228   229   230   231   232   233   234   235   236   237