Page 28 Manual de Interações medicamentosas no tratamento da dor crónica
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Excreção
A principal via de excreção dos fármacos e seus metabolitos é o rim, através
da filtração, secreção e reabsorção tubular. A filtração glomerular depende
do fluxo de sangue (passível de ser alterado por vários agentes, como por
exemplo os fármacos que alteram o débito cardíaco), velocidade de filtra-
ção glomerular e ligação às proteínas plasmáticas (apenas a fração livre do
fármaco é filtrada). A secreção tubular de fármacos na sua forma ionizada
realiza-se por mecanismos passivos (catiões) e activos que podem envol-
ver a P-gp (aniões). A reabsorção de moléculas não ionizadas e lipossolú-
veis faz-se a favor de um gradiente de concentração, onde o pH tem um
papel primordial. (Dickman, 2012) (Shannon, 2007) (Scripture & Figg, 2006)
Se um fármaco for metabolizado essencialmente em compostos inativos
(ex: fentanilo) a função renal não vai alterar a sua eliminação. Por outro lado,
os fármacos excretados inalterados (ex: pregabalina) ou cujos metabolitos
ativos são excretados pelo rim (ex: morfina) têm a sua eliminação alterada
pela função renal, podendo necessitar de ajustes de dose. (Dickman, 2012)
(Shannon, 2007)
A outra via de eliminação que também pode ser sede de IM é a excreção
biliar (o fármaco é eliminado nas fezes inalterado ou conjugado). De acordo
com as suas propriedades, tanto os fármacos como os seus metabolitos
podem ser reabsorvidos a partir do ileum terminal para a circulação sistémi-
ca, no processo de circulação entero-hepática, responsável pela absorção
e eliminação tardia e prolongada de vários fármacos com consequente au-
mento da sua biodisponibilidade e tempo de semi-vida, como acontece por
exemplo com a carbamazepina. Fig. H (Shannon, 2007)
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