Page 22 Volume 11, Número 2, 2003
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Cruz C, et al.: A actividade das cínases ERK 1 e 2 na medula espinhal causada pela distensão da bexiga é aumentada em condições inflamatórias crónicas
,
e as cascatas ERK 1/2 e ERK5 activadas por ambiente até à pressão de 15 (distensão fisioló-
factores de crescimento vários e neurotrofinas. gica inócua, grupo B) ou 60 cm H O (distensão
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Os elementos da cascata ERK1/2 são expres- nóxica, grupo C) durante dois minutos seguindo
sos constitutivamente no sistema nervoso central de perfusão imediata. Como controlo, utilizaram-
(Zanassi, et al., 2001) e são vários os estudos se animais intactos não estimulados, grupo A. O
que demonstram a sua participação em fenó- grupo D foi perfundido duas horas após o estí-
menos de plasticidade neuronial tais como a mulo nóxico enquanto que o grupo E foi subme-
potenciação e a facilitação a longo prazo (Mar- tido a um segundo estímulo nóxico após um
tin, et al., 1997; Rosenblum, et al., 2002). Estão intervalo de 2 h seguido de perfusão imediata.
também envolvidos em fenómenos de aprendi- Os ratos dos grupos F-G foram injectados
zagem e memorização (Berman, et al., 2000; com ciclofosfamida 75 mg/kg i.p. de três em
Hebert e Dash, 2002). Recentemente, foi de- três dias durante dez dias. Ao décimo primeiro
monstrado que estímulos somáticos nóxicos dia, os animais foram anestesiados e estimula-
também activam a cascata das ERK 1/2 nos dos da mesma forma. O grupo F constitui o
segmentos da medula espinhal que recebem o grupo controlo (animais inflamados não estimu-
afluxo sensitivo proveniente da estrutura perifé- lados). Os animais do grupo G foram estimula-
rica estimulada (Ji, et al., 1999). Estudos subse- dos com pressões inócuas enquanto que os do
quentes utilizando diferentes estímulos nóxicos grupo H foram estimulados com pressões nóxi-
vieram corroborar estes resultados (Karim, et al., cas. Aas perfusões realizaram-se tabém logo
2001; Galán, et al., 2002). após a conclusaõ sa estimulação.
Até ao momento, nenhum estudo foi feito no A perfusão foi feita pela injecção transaórti-
sentido de esclarecer se a estimulação nóxica ca de uma solução de paraformaldeído a 4%
de órgãos viscerais activa de uma forma iden- com ácido pícrico a 14% a pH 7,4. Os seg-
tica a cascata ERK 1/2 na medula espinhal, mentos espinhais L6 foram recolhidos, pós-
nem tão pouco são conhecidos os efeitos da fixados com a mesma solução durante quatro
inflamação crónica na actividade da mesma. horas e crioprotegidos durante a noite numa
Deste modo, este trabalho foi desenvolvido com solução de sacarose a 30%. No dia seguinte,
o objectivo de verificar o padrão de activação os segmentos espinhais foram seccionados a
da cascata das ERK 1/2 na medula espinhal 40 +m e cada terceiro corte foi imunorreagido
após estimulação da bexiga com pressões inó- contra a forma fosforilada das cínases ERK 1 e
cuas e nóxicas e bem como averiguar se a 2 (pERK 1 e 2) segundo o método ABC-HRP.
actividade desta cascata é modificada pela As células positivas foram contadas em dez
inflamação crónica da bexiga, condição associ- cortes não adjacentes nos cornos dorsais (lâ-
ada ao aumento da excitabilidade dos aferentes minas I a IV), na comissura dorsal (DCM -
sensitivos vesicais (Sengupta e Gebhart, 1995). dorsal commissure) e na substância cinzenta
intermediolateral (ILG - intermediolateral grey
Material e métodos matter). Os resultados foram analisados esta-
Neste trabalho foram utilizados 8 grupos ex- tisticamente com o teste ANOVA, seguido pelo
perimentais de ratos fêmea adultos, descritos teste Student-Newman-Keuls e são apresenta-
na tabela 1. dos como média das contagens por corte ±
Os ratos dos grupos A-E foram anestesia- desvio padrão.
dos com uma injecção subcutânea de uretano
(1,2 mg/kg) e a sua bexiga exposta através de Resultados
uma incisão abdominal. Através de uma agulha Em cortes de animais não estimulados, intac-
calibre 21 inserida na cúpula, as bexigas foram tos ou inflamados, não se observou qualquer
distendidas com soro fisiológico à temperatura célula imunorreactiva para pERK 1 e 2 (Fig. 1a).



Tabela 1. Grupos experimentais
Designação N Injecção de Tipo de estimulação
ciclofosfamida

A 4 Não Sem estimulação
B 4 Não Estimulação inócua (2 min) - 2’ inoc.
C 4 Não Estimulação nóxica (2 min) - 2’ nóx.
D 4 Não 2 min de estimulação nóxica seguido de um
intervalo de 2 h - 2’nóx. - 2 h
E 4 Não 2 min de estimulação nóxica, seguido de um
intervalo de 2 h e um segundo estímulo nóxico -
2’ nóx. - 2 h - 2’ nóx.
F 4 Sim Sem estimulação.
G 4 Sim Estimulação inócua (2 min) - 2’ inoc. DOR
H 4 Sim Estimulação nóxica (2 min) - 2’ nóx.
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