Page 38 Volume 13 - N.2 - 2005
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Dor (2005) 13 V. Coelho: Terapêutica Subaracnoideia

Terapêutica Subaracnoideia



Victor Coelho







Resumo
A dor crónica é um desafio para a medicina actual. Novos métodos e medicamentos têm sido propostos
com o intuito de controlar os sintomas álgicos. A via de administração subaracnoideia tem-se mostrado
como uma alternativa viável e segura, embora necessite continuamente de ser objecto de estudo de mui-
tos investigadores. O objectivo deste trabalho é fazer uma revisão dos medicamentos disponíveis no ar-
senal terapêutico já consagrados pelo uso e os que se mostram promissores na actualidade para a práti-
ca clínica diária.

Palavras-chave: Dor. Crónica. Técnicas anestésicas. Regional. Subaracnoideia.


Abstract
Chronic pain is a challenge for modern medicine. New methods and drugs have been proposed to control
pain. Intrathecal administration is a feasible and safe option, but still requires further investigations. This
study aimed at reviewing available and well established drugs as well as new promising alternatives for the
daily pratice.
Key words: Anesthetic technic. Regional. Spinal block. Pain. Chronic.




A Dor é um sintoma frequente na prática clíni- são da dor a nível espinhal são propostos, e
ca e afecta o ser humano de forma aguda e incluem a estimulação medular e a injecção
crónica. A dor aguda tem um papel fisiológico subaracnoideia de analgésicos, seja por bolus
importante, apresentando-se como um sinal de ou através da implantação de bomba de infu-
alerta perante possíveis ameaças. Já a dor cró- são contínua.
nica não tem um papel biológico definido e pode Embora a morfina seja a única droga aprova-
ser considerada como a que persiste além do da pela FDA para uso contínuo no espaço su-
tempo razoável após a cura da lesão que a ori- baracnoideu, vários estudos clínicos e em ani-
ginou. Em geral é tida como patológica, estando mais têm sido realizados no intuito de propor
associada à incapacidade e ao stress físico, novas alternativas para o uso dos opióides. Mui-
económico e emocional. É uma queixa comum tos receptores e substâncias que modulam a
em doentes portadores de diferentes doenças e transmissão da dor têm sido identificados. Exis-
o seu tratamento é um desafio para os profissio- te enorme variedade de agentes que actuam
nais de saúde, que buscam novas estratégias especificamente ou não em receptores, e é pro-
terapêuticas. vável que a sua utilização, isolada ou combina-
Normalmente, a terapia conservadora com da, implique um maior controlo dos sintomas
analgésicos é efectiva no controle da dor da álgicos com menor ocorrência de efeitos inde-
maioria dos doentes. Entretanto em alguns ca- sejáveis.
sos, como por exemplo na dor neuropática, A aplicação de substâncias no espaço raqui-
apesar dos avanços na farmacologia, é neces- diano é realizada através de bomba de infusão,
sário recorrer a terapêuticas agressivas. Alguns o que está associado a possíveis e eventuais
métodos reversíveis que modulam a transmis- complicações .
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Analgésicos intratecais
Os opióides são comummente utilizados na
prática clínica para o tratamento da dor em do-
entes portadores de doenças agudas ou cróni-
Assistente Hospitalar Graduado de Anestesiologia cas. O seu emprego verifica-se em diversas si-
Coordenador Unidade de Dor HUC tuações e por diferentes vias de administração:
Serviço Anestesiologia HUC DOR
Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) oral, parenteral ou espinhal. O que irá determi-
Coimbra, Porto nar a via preferencial é o quadro clínico do do- 37
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