Page 20 Volume 13 - N.4 - 2005
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A. Manjón, C. Oliveira: Dor na Criança Até aos Três Anos
3 Localiza com a mão a zona dolorosa. do associada a analgésico como o paraceta-
4 Cotação 3 mais descrição precisa do local mol 9,27 ou outros.
da dor.
Analgesia regional
Item 9 – Resposta ao exame físico
Deve ser usada sempre que possível, desde
Resposta das zonas dolorosas ao exame físico. que não existam contra-indicações. Entre estas,
Cotação: destacamos: infecção no local da punção, qua-
0 Ausência de reacção. dros sépticos, coagulopatias, inexperiência do
1 Pequena resistência ao exame. anestesista e a recusa dos pais.
2 Mostra sinais como crispação, esgar de dor As técnicas habitualmente utilizadas são a
ou choro intenso. analgesia epidural, subaracnoideia, bloqueio de
3 Para alem da cotação 2 apresenta altera- plexos e nervos periféricos. Vários estudos de-
ções da tonalidade da face, transpiração ou monstraram eficácia semelhante entre o bloqueio
tentativa de suspender o exame. de nervos periféricos e o bloqueio do plexo in-
4 Impossível de realizar devido às reacções guinal, peniano e caudal . Por outro lado, os
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da criança. efeitos laterais da analgesia epidural não podem
ser descurados: retenção urinária, fraqueza dos
Item 10 – Alteração nos movimentos membros inferiores, taquifilaxia, hematoma ou
Avalia a lentificação dos movimentos espontâ- abcesso epidural e administração subaracnoi-
neos. deia acidental. Uma das contra-indicações rela-
Cotação: tivas desta técnica é a sua utilização nas vítimas
0 Movimentos amplos, enérgicos, rápidos e de trauma, pelo risco acrescido de desenvolvi-
variados. mento de síndromes compartimentais não-diag-
1 Ligeira lentificação. nosticadas. Para além dos anestésicos locais,
2 Presença dum dos seguintes sinais: lentifi- podem ser administrados opióides por via epi-
cação dos gestos, restrição dos movimen- dural e/ou subaracnoideia. O risco de depressão
tos, pouca iniciativa em se movimentar. respiratória tardia na utilização destas vias impli-
3 Simultaneamente vários dos sinais da cota- ca o estabelecimento de guidelines de monitori-
ção 2. zação, facto que em alguns centros limita a sua
4 Impossibilidade em tocar a criança. utilização (p. ex. cirurgia de ambulatório) .
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A terapêutica pode ser administrada em bolus
Tratamento ou perfusão contínua. Existe controvérsia relati-
O objectivo principal da correcta avaliação da vamente à perfusão, considerada de elevado
dor tem a ver com a sua prevenção 25,26 . No que risco em pediatria. São referidos potenciais erros
diz respeito à dor pós-operatória, as modalida- na prescrição, nas diluições, mau funcionamen-
des terapêuticas geralmente utilizadas são: to do equipamento e extravasamento de fluidos,
anestesia tópica, infiltração da ferida operatória, obrigando a cuidadosa monitorização. A princi-
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analgesia regional e analgesia sistémica . Os pal desvantagem da administração em bolus é
pais devem ser envolvidos nos protocolos, a analgesia inadequada.
aprendendo técnicas e adoptando comporta- O quadro 7 apresenta um exemplo de esque-
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mentos de forma a ajudar os filhos e reduzir a ma terapêutico para perfusão contínua .
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ansiedade e o desconforto de ambos .
Analgesia sistémica
Anestesia tópica Opióides
Indicada especialmente em procedimentos
com agulha como punção lombar, mielograma, Excepto a meperidina, todos os opióides po-
biópsias, vacinação e punções venosas. Habitu- dem ser utilizados na criança. São considerados
almente recorre-se à mistura de prilocaína e li- analgésicos potentes e nalgumas situações os
docaína (EMLA). A sua utilidade também está seus efeitos sedativos e ansiolíticos são vanta-
demonstrada na sutura de lacerações num con- josos. As doses deverão ser individualizadas e
texto emergente . adaptadas a cada paciente. O risco de efeitos
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laterais como a depressão respiratória, pode le-
var à redução da sua prescrição. Este receio no
Infiltração da ferida operatória entanto pode ser ultrapassado modificando a via
A bupivacaína e outros anestésicos locais de de administração, estabelecendo protocolos
longa duração podem ser utilizados em proce- analgésicos e recorrendo a uma vigilância e mo-
dimentos como cirurgia inguinal, colocação de nitorização adequadas.
cateteres venosos centrais com ou sem sistemas Entre as vias de administração, tanto a intra-
de reservatório e inserção de shunts ventriculo- muscular como a subcutânea encontram-se as-
peritoneais. Esta modalidade terapêutica é de sociadas a desconforto e dor, depreciando o DOR
particular utilidade em crianças pequenas, me- modo como é encarada a instituição hospitalar
lhorando o pós-operatório principalmente quan- e os prestadores de cuidados. Podem ser utili- 19
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