Page 17 Volume 13 - N.4 - 2005
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Dor (2005) 13

Quadro 1. Publicações por ano relacionadas com a dor Quadro 2. Resposta da criança a dor
na criança
Idade Forma de interpretar a dor
Ano 1980 1985 1990 1995 2000
o
N. de publicações 17 30 123 195 262 0-3 meses Não compreende a dor. Talvez se lembre,
não havendo evidências de que assim
seja. As reacções são de tipo reflexo.
3-6 meses Reage à dor, acompanhando-se de
Sabemos hoje que a dor na criança é uma fenómenos de tristeza e ira.
realidade baseada em conceitos neurofisiológi- 6-18 meses Temerosa a situações dolorosas.
Começa a localizar e utilizar palavras

cos, neuroanatómicos e neuroquímicos. Está vinculadas com a dor (au! buu!).
presente desde o nascimento e o seu tratamen- 18-24 meses Utiliza a expressão «dói-me» para indicar
to é uma obrigação ética e legal, implicando mal-estar.
consequências nefastas, caso não seja tratada 24-36 meses Começa a descrever a dor e a atribuir
de forma correcta . uma causa externa.
8,9
Adaptado de: Bonica JJ. Terapéutica del dolor; 2001.
Métodos de avaliação da dor
Não existem métodos suficientemente sensí-
veis e específicos para quantificar a intensidade Quadro 3. Escala TPPPS
da dor. Neste sentido estão descritas múltiplas
técnicas, escalas e questionários específicos, Expressão dolorosa Comportamentos
que permitem a quantificação de vivências sub-
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jectivas dificilmente verbalizadas . Verbal Queixas de dor e/ou choro
Uma correcta avaliação deve ser concordante Gritos
Gemido
com: Facial Boca aberta com lábios
– Fase de desenvolvimento da criança. contraídos
– Gravidade e cronicidade da doença. Olhos semicerrados
– Procedimentos médicos e cirúrgicos. Movimentos corporais Franzir sobrolho
Comportamento motor agitado
– Ambiente médico . e/ou contacto com a zona
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Tesler MD, et al. demonstraram a importância dolorosa
de utilizar escalas adaptadas ao desenvolvimen-
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to cognitivo .
O conhecimento que a criança tem da dor e A TPPPS (Quadro 3) é utilizada no pós-opera-
o modo como responde encontram-se resumi- tório para idades compreendidas entre um e cin-
dos no quadro 2 . co anos. Avalia comportamentos por períodos de
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Sendo a dor uma experiência sensorial e emo- 1-5 minutos, atribuindo 1 ou 0 pontos consoante
cional desagradável, com um importante com- estejam presentes ou não. O score final é igual à
ponente subjectivo, a forma mais correcta para soma dos pontos de todos os comportamentos,
a sua avaliação é o auto-relato. Não obstante, considerando-se dor ligeira < 1,17, moderada
em crianças até aos três anos, este pode ser 1,18-3,00, e severa 3,02-5,33.
complexo e inadequado, tornando-se necessá- As vantagens que apresenta são a boa corre-
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rio o recurso a outros métodos . Através de lação entre a pontuação obtida por pais e enfer-
pesquisas efectuadas na Internet, verificamos meiros e a eficácia da analgesia instituída. O
que as diferentes instituições hospitalares, face principal inconveniente é o número de parâme-
às dificuldades encontradas nesta faixa etária, tros a avaliar.
adoptam protocolos já existentes ou nalguns ca- A OPS (Quadro 4) permite avaliar crianças até
sos criam a sua própria metodologia 13-15 . aos sete anos. Considera as alterações do com-
Até aos três anos, recorre-se frequentemente portamento e parâmetros fisiológicos, indicando
a escalas baseadas em parâmetros fisiológicos necessidade de terapêutica quando o score é
e comportamentais, devendo ser preferidas as igual ou superior a 4.
que já estão validadas 16-18 . Estas podem ser Entre as vantagens encontram-se: o número de
usadas pelo clínico, pessoal de enfermagem e, parâmetros avaliados, a simplicidade, a concor-
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em casos pontuais, pelos pais . dância entre os resultados obtidos por diferentes
Nenhum procedimento é por si só suficiente observadores e a correlação da pontuação final
para avaliar todos os tipos de dor, no entanto, é com as necessidades analgésicas. A principal
possível escolher um método fidedigno válido e desvantagem é o facto de não ser possível aplicá-
pratico . Na literatura consultada, encontram-se la a crianças ventiladas mecanicamente.
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validadas as seguintes escalas: TPPPS (Toddler- Entre o primeiro e quinto anos de vida, a
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Preschooler Postoperative Pain Scale), OPS (Ob- CHEOPS (Quadro 5) é uma das escalas com-
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jective Pain Scale), CHEOPS (Children’s Hospital portamentais já validadas. Classifica a dor em
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DOR of Eastern Ontario Pain Scale), COMFORT e a ligeira (5-8), moderada (9-11) e severa (12-13).
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É uma escala confusa, com dificuldades de
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DEGR (Douleur Enfants Gustave Roussy), esta
16 mais específica na avaliação da dor crónica. aplicação prática e que apresenta o mesmo in-
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