Page 25 Volume 13 - N.4 - 2005
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Dor (2005) 13
nomeadamente alterações da função imune, al- – Ligeiros: idade mental entre nove e 12 anos.
terações psicológicas (depressão, ansiedade, – Moderados: entre seis e nove anos.
medo), alterações da função motora (quedas, – Graves: idade mental entre três e seis anos.
diminuição na recuperação motora, limitação da – Profundos: idade mental inferior a três anos.
mobilidade), perturbações do sono e funções O atraso mental surge na infância e caracteri-
cognitiva e social diminuídas . Por outro lado, a za-se por limitação quer da inteligência quer das
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sedação provocada por medicação excessiva capacidades adaptativas, estando o indivíduo
predispõe à diminuição da actividade, promo- desajustado relativamente ao meio que o rodeia.
vendo maior declínio funcional, quedas e úlce- As causas podem ser divididas em biomédicas,
ras de pressão . Estas consequências podem sociais e comportamentais, e originadas por fac-
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resultar em maior dependência e fragilidade, tores de risco educacionais que interagem duran-
com custos de saúde acrescidos (aumento do te a vida dum indivíduo e/ou através de gerações.
tempo de internamento e idas mais frequentes As diferentes categorias são baseadas em resul-
ao hospital), tornando-se o impacto da dor na tados de testes cognitivos adaptados à idade.
qualidade de vida destes doentes um elemento Na avaliação da dor nestas populações exis-
difícil de determinar. tem alguns pontos a considerar:
A dificuldade de avaliação ainda é maior no – Um procedimento ou patologia que origine
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caso da criança com défices cognitivos . Este dor num doente sem défices cognitivos irá
problema levou à criação de vários métodos, provavelmente provocar dor em doentes
mas nem todos conseguiram ser validados . com défices cognitivos, demência ou imo-
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Dos adultos, os mais difíceis de avaliar são os bilizados.
que estão gravemente doentes e aqueles com – Parâmetros fisiológicos são bons indicado-
demência. Estes grupos apresentam elevado res de dor aguda mas não de dor persis-
risco para o não-diagnóstico e não-tratamento tente.
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da dor . A avaliação fica assim, muitas vezes, – Alterações do comportamento indiciam dor
reduzida a parâmetros comportamentais, fisioló- aguda e por vezes dor persistente.
gicos e baseados na experiência clínica. Além – Os familiares são importantes para esclare-
disto, é realizada por elementos da equipa mé- cer ou relacionar comportamentos na pre-
dica com limitações de tempo e deficiente per- sença de dor.
cepção das necessidades individuais destes – A sensibilidade para as necessidades dos
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doentes . A conjugação destes factores leva a doentes facilita a avaliação e tratamento
que adultos com défices cognitivos incapazes da dor.
de comunicar, desorientados e com limitações – Abordagem sistemática e consistente é a
funcionais recebam menos medicação analgési- chave para abordagem correcta da dor em
ca que doentes capazes de comunicar, no mes- qualquer população. Importa também ressal-
mo contexto clínico . tar que a necessidade de efectuar registos
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adequados tem implicações humanas, éticas
Avaliação da dor e legais. Se a avaliação da dor não for regis-
tada, considera-se que nunca foi feita .
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A dor (5. sinal vital) deve ser avaliada com a A avaliação baseada somente em parâmetros
o
mesma frequência com que se avaliam os outros fisiológicos não é fiável, uma vez que alterações
sinais vitais. Existem algumas barreiras que limi- de pressão arterial, frequência cardíaca, fre-
tam a avaliação da dor, nomeadamente a inca- quência respiratória e sudação são sinais que
pacidade do doente em a referir e caracterizar. podem indicar tanto a presença de episódio
Por outro lado, a controvérsia relativamente a agudo de dor, bem como situações de stress,
alterações do sistema nervoso central que po- distensão vesical ou fome. Por outro lado, não
dem influenciar a transmissão do estímulo dolo- estão presentes na dor crónica ou persistente .
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roso, leva à crença de que doentes com défices Como já foi referido, a auto-avaliação deve ser
cognitivos sentem dor com menor intensidade. instituída, mas para tal é necessário que o doente
As alterações cognitivas caracterizam-se pela perceba as questões colocadas e consiga recor-
deterioração de pelo menos um dos seguintes dar e interpretar correctamente estímulos noci-
factores: memória, atenção, linguagem, com- ceptivos como episódios dolorosos. É importante
portamento e capacidades espaciais visuais. perguntar usando diferente terminologia, não so-
Os défices cognitivos são habitualmente classi- mente se dói, mas também se se sente descon-
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ficados com base no QI (coeficiente de inteli- fortável, dorido ou magoado. Saber o vocabulário
gência) em: que estes doentes usam quando sentem dor aju-
– Ligeiros: 50-70. da nas avaliações e diagnósticos posteriores.
– Moderados: 35-49. Algumas das medidas mais simples passam
– Graves: 20-34. por adaptar escalas já existentes (Escala Hori-
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– Profundos: < 20. zontal 0-10 ou a Faces Pain Scale ) e contex-
DOR zam os défices cognitivos com base na idade tualizar a linguagem à realidade dos doentes .
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Alguns sistemas internacionais
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categori-
Alguns artigos referem que doentes com défi-
24 mental: ces cognitivos ligeiros a moderados são capa-
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