Page 41 Volume 16 - N.1 - 2008
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Dor (2008) 1
Dor (2008) 1
Avaliação e Tratamento da Dor Aguda
do Pós-Operatório: Novos Desafios
Marta Bernardino
Resumo
Neste artigo, revê-se os métodos de avaliação da dor já existentes e mais utilizados e tenta equacionar-se
novas abordagens que incluem a educação e treino pré-operatório dos doentes e o envolvimento de todos
os profissionais de saúde que participam na sua recuperação. A segunda parte do texto incide sobre o conceito
de analgesia preventiva e novas perspectivas de tratamento, designadamente sobre antagonistas NMDA,
fármacos adjuvantes e técnicas locorregionais.
Palavras-chave: Dor pós-operatória. Avaliação. Analgesia. Analgésicos.
Abstract
This article reviews the methods of evaluation of pain already existent and used more frequently and tries to
give new approaches, which include the education and preoperative training of the patients and the involvement
of all the professionals of health who participate in the recovery period. The second part of the text focuses
on the concept of preventive analgesia and new perspectives of treatment, particularly on NMDA antagonists,
adjuvant drugs and locoregional techniques. (Dor 2008;16(1):40-3)
Corresponding author: Marta Bernardino, martacbernardino@gmail.com
Key words: Post-operative pain. Evaluation. Analgesia. Analgesics.
A avaliação e o tratamento da DPO são, hoje relevância à avaliação da dor por parte dos pro-
em dia, actividades que devem fazer parte da fissionais envolvidos nos cuidados dos doentes,
prática diária do anestesiologista, inseridas no- cirúrgicos ou não, objectivando um sintoma mui-
meadamente numa UDA. tas vezes negligenciado. A avaliação da dor já
Segundo o estudo PATHOS, nenhuma institui- não é opcional: todos os doentes têm o direito
ção europeia preenche todos os critérios de se- a uma avaliação e tratamento da dor apropria-
gurança, organização e tratamento eficaz da dor dos. A caracterização e a avaliação da sua in-
aguda pós-operatória . Para alcançar estes ob- fluência na condição física e psíquica do doen-
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jectivos, necessitamos de uma avaliação cuida- te permitem-nos alcançar três objectivos: facilitar
da e regular que se traduza num tratamento o diagnóstico e definir a extensão da lesão, es-
eficaz e atempado, baseando-se numa estrutura colher a terapêutica adequada e avaliar a sua
de base bem organizada, desperta para os pos- resposta.
síveis efeitos secundários e consequências de No caso da dor aguda pós-operatória, o diag-
uma abordagem da DPO que se quer a longo nóstico está facilitado, pois a sua ocorrência é
prazo e não apenas no período perioperatório previsível e a sua intensidade pode ser relacio-
imediato. nada com o tipo de cirurgia. No entanto, a efi-
cácia e qualidade do tratamento não têm sido
Avaliação as melhores. Não há dúvida que a implementa-
ção da avaliação da dor, por rotina, após a ci-
Apesar da maioria da informação sobre a ava- rurgia se torna crucial para a melhoria do trata-
liação da dor provir do estudo da dor crónica, mento da dor aguda pós-cirúrgica. Para isso, é
ela pode ser aplicada à dor aguda. Desde que necessário que haja técnicas de avaliação pa-
o
foi considerada como o 5. sinal a ser avaliado dronizadas de modo a que todos os profissio-
como um parâmetro vital, tem sido dada maior
nais relacionados com a avaliação da dor pós-
cirúrgica as possam utilizar.
DOR quantificá-la numa ou mais dimensões. Ao longo
O que se pretende na avaliação da dor é
40 Anestesiologista dos anos, tem havido um grande esforço para
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