Page 32 Volume 18 - N.3 - 2010
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D. Rodrigues: Qualidade de Vida Através da Dança
Apesar das melhorias, existiam ainda alguns atenção do indivíduo sobre as sensações inter-
limites auto-impostos. De forma a ultrapassá-los nas provocadas pelo exercício físico, além de
introduzi uma pequena coreografia baseada na ser um agente de relaxamento e um auxiliar para
personalidade de cada um, na sua dinâmica e a memória.
papel no grupo. Este pequeno projecto tornou-se A actividade física acompanhada com música
numa grande motivação para frequentarem as torna-se mais agradável, pois permite ao indivíduo
aulas mais assiduamente e para sentirem que motivar-se e ficar totalmente absorvido, sem se
estavam a trabalhar para uma estética e objec- preocupar tanto com a influência que as suas ac-
tivo comuns. O simples facto de porem as suas ções podem ter nos outros indivíduos. Isto deve-se
ideias, os seus movimentos, o que eram capazes a uma activação do «campo perceptivo, um au-
de fazer numa peça deles e para eles, transfor- mento da autoconsciência e do sentido de fusão
mou as aulas de Dança num desafio maior e com a actividade e o ambiente, sendo um estado
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mais cativante. Este tipo de dinâmica de aula fez muito positivo e prazeroso» .
com que esquecessem a dor e tentassem in- Utilizo a música como um instrumento: se quero
conscientemente ultrapassar os limites auto-im- que os movimentos sejam rápidos para melhorar
postos. a destreza física, escolho uma música que esti-
Pode-se afirmar que a Dança «recupera o pra- mule o meu objectivo, ou seja uma música rápida;
zer da própria energia física da acção (…) o que se quero movimentos grandes, leves, suaves,
contribui para a melhoria da qualidade de vida em utilizo uma música calma. Contudo, também
geral (…) na medida em que o domínio de uma posso querer movimentos lentos com música
habilidade específica acontece na consciência do rápida ou vice-versa, se o objectivo for trabalhar
agente, daquele que actua em busca da econo- movimentos contrários e a concentração. Também
mia ergonómica do esforço, da harmonia e do trabalho os silêncios: dançar em silêncio é conhe-
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equilíbrio» . cer o nosso corpo e o nosso ritmo, estarmos bem
Em termos práticos, a aula consiste em três connosco.
partes distintas: As idades dos alunos rondavam os 50 e os
– Aquecimento cardiovascular e articular, em 60 anos, pelo que ocasionalmente escolhia mú-
que o corpo é preparado para o que se sicas da época como Elvis Presley e jazz antigo,
segue. o que os motivava e dava ânimo por estarem a
– A segunda parte consiste no desenvolvi- recordar velhos tempos e a dançar como faziam
mento, onde os exercícios planeados são antigamente. Também é possível imprimir emo-
realizados, normalmente numa escala as- ções às músicas; como dançamos tristes ou
cendente de energia, onde atingem o clímax zangados. Diferentes emoções originam diferen-
normalmente no fim desta parte. É nesta tes tipos de movimentação e a possibilidade de
parte que entram os exercícios mais técnicos, exprimirem através do corpo o que sentem, num
assim como os de improvisação, criação e momento de catarse.
de contacto. Este projecto começou por ser o tema do meu
– A terceira e última parte consiste nos alon- projecto de mestrado do curso de Ensino da Dança
gamentos e relaxamento, onde se permite ao na Escola Superior de Dança do Instituto Politéc-
corpo e à respiração retornarem à calma. nico de Lisboa, que não foi terminado. Contudo,
A música tem um papel muito importante na conto em prossegui-lo num futuro próximo.
dança, dá-nos um ritmo, uma musicalidade. Cer-
tos estudos sugerem que a música influencia o Bibliografia
foco de atenção durante a actividade física, aju- 1. Schwob M. A dor. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.
dando a afastar os sinais de cansaço. Deste modo, 2. Rengel L, Mommensohn M. O corpo e o conhecimento: dança edu-
podem promover-se «alterações fisiológicas e cativa, de http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_10_p099-
109_c.pdf.
psicológicas, seja de natureza positiva ou nega- 3. Sousa AB. Educação pela arte e artes na educação. 2. vol. Drama
o
tiva, dependendo de como sejam manipuladas e dança. Instituto Piaget. Lisboa: Horizontes Pedagógicos; 2003.
as diversas características de cada uma delas». 4. France-Soir, 2001 como citado em http://tara-estreladecompaixao.
blogspot.com/2008/09/psicologia-da-dana.html por Billman F.
A audição musical, sendo um estímulo externo, 5. Miranda ML, Godeli MR. Música, actividade física e bem-estar psi-
torna-se assim uma estratégia para afastar a cológico em idosos. Artigo de revisão. Brasília. 2003;11(4):87-94.










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