Page 14 Volume 20 - N3 - 2012

registo de todos os casos de CPPD em obste-
trícia e após cirurgia não-obstétrica, assim como
o resultado da sua terapêutica conservadora ou
invasiva.
De 2003 a 2010 documentaram-se um total de
90 casos de CPPD (Quadro 1). A maioria foi em
indivíduos do sexo feminino e jovens (cerca de 95%
tinham menos de 45 anos). Quase 90% das CPPD
registaram-se na população obstétrica (78 casos).
Todos os casos foram submetidos a tratamento
conservador durante as primeiras 24 h após o
início da sintomatologia, com hidratação, inges-
tão de bebidas cafeinadas (no nosso hospital
não existem preparações de cafeína oral ou en-
dovenosa), repouso e terapêutica analgésica. Es-
tas medidas foram eficazes e com alívio total dos
sintomas em cerca de 70% dos casos (n = 62),
não havendo grande disparidades entre os dois
grupos populacionais. A terapêutica inicial foi
insuficiente ou sem efeito em 28 casos (24 puér-
peras e quatro pós-operatórios). Estes foram
todos propostos para patch sanguíneo. Antes da
técnica, foi validado com os doentes um consen-
timento informado onde se esclareceu o tipo de
terapêutica que iriam ser submetidos, os resul-
tados que se esperavam e as possíveis compli-
cações. Excluíram-se as contraindicações para
a realização da técnica, nomeadamente a pre-
sença de sinais clínicos e laboratoriais de infe-
ção sistémica. O procedimento foi realizado por
dois anestesiologistas, sob monitorização e com
técnica asséptica. Após a técnica os doentes
permaneceram em repouso e sob vigilância du-
rante duas horas e foram reavaliados nas primei-
ras 24 horas após o procedimento. O patch san-
guíneo foi eficaz em todos os doentes e não se
registaram complicações.
Conclusão
As CPPD são ainda uma causa importante
de morbilidade associada às técnicas de
anestesia/analgesia do neuroeixo. Apesar do
seu caráter habitualmente autolimitado, é fun-
damental a instituição precoce da terapêutica
conservadora adequada. Nos casos mais
graves são necessárias medidas terapêuticas
invasivas, das quais se destaca o patch san-
guíneo. A maioria das publicações recomen-
dam a instituição desta medida 24 horas após
o início da sintomatologia, refratária às medi-
das terapêuticas iniciais, com a utilização de
cerca de 20 ml de sangue autólogo e o repou-
so durante uma a duas horas após a realiza-
ção da técnica 26,27,30-32 . Existem alternativas
promissoras ainda em estudo que visam so-
bretudo um início ainda mais precoce do tra-
tamento e garantindo uma eficácia aparente-
mente comparável.
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