Page 23 Analgesia em Obstetrícia
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morfina e 750 vezes superior à da petidina . Este opióide é, provavelmente,
o que tem maior rapidez de acção. Quando administrado por via endovenosa,
numa dose habitual de 25 a 50 µg, tem um início de acção em cerca de 3 a
5 min (7 a 8 min na i.m) e uma duração de acção de 30 a 60 min (1 a 2 h na i.m.).
O fármaco atravessa a placenta rapidamente atingindo um pico na concentra-
ção plasmática fetal cerca de 5 min após a administração à mãe. Nestas doses,
não parece haver efeitos significativos na avaliação de Apgar ou neurocompor-
tamental dos recém-nascidos. Pode, no entanto, e como qualquer outro opiói-
de, causar depressão respiratória materna. Este efeito adverso pode não surgir
imediatamente a seguir à injecção e pode durar mais do que o próprio efeito
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analgésico . O fentanyl não provoca efeitos deletérios na função cardiovascu-
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lar materna ou no fluxo sanguíneo uterino .
Devido ao seu início rápido, à curta duração de acção, à ausência de
metabolitos activos e à baixa actividade emética, o fentanyl parece tornar-se
atractivo para utilização nas parturientes. Infelizmente, apenas consegue pro-
duzir uma analgesia moderada temporária, falhando na tentativa de erradicar
por completo a dor associada às contracções uterinas, especialmente durante
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as fases finais do TP .
4.1.4. Sufentanil
O sufentanil é um derivado do fentanyl com maior potência. Quando dado
por via endovenosa tem um início de acção ligeiramente mais rápido, mas a
sua potência limita a sua utilização sistémica durante o TP. É usado, mais
comumente, nas técnicas locorregionais para complementar o efeito de outros
fármacos e garantir um rápido início de analgesia.

4.1.5. Alfentanil
O alfentanil é também um derivado do fentanyl, com um início de acção
muito rápido e uma curta duração de acção. Apesar destes factores, que
tornam o fármaco, do ponto de vista teórico, muito atractivo para a analgesia
do TP, a sua utilização tem sido associada com o aparecimento de depressão
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neonatal em maior grau quando comparado com outros opióides . Por este
motivo, ele não é muito utilizado.
4.1.6. Novos agentes
4.1.6.1 Agonistas-antagonistas
Dois dos novos agentes que se têm vindo a tornar populares são o
butorfanol e a nalbufina. São fármacos sintéticos que pertencem à denomina-
da classe agonista-antagonista dos opióides.
A maior vantagem destes fármacos é que eles apresentam o chamado
“efeito tecto” para a depressão respiratória, ou seja, a partir do momento em
que a dosagem de fármaco administrado ultrapasse um determinado valor,
deixa de se verificar um incremento na depressão respiratória. Por este
motivo, estes agentes são teoricamente mais seguros do que aqueles que não
possuem esta propriedade.
Como não há bela sem senão, estes opióides apresentam igualmente uma
grande desvantagem: possuem também um “efeito tecto analgésico”, o que
significa que a partir de um determinado momento o aumento da dose do
fármaco não provoca um aumento correspondente no alívio da dor. Por outro
lado, eles podem ainda limitar o efeito analgésico dos outros opióides mais
tradicionais, se dados em simultâneo. E os outros efeitos secundários (tontu-
ras, fraqueza, náuseas, vómitos, etc.) continuam a ser comuns com o aumento

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