Page 24 Analgesia em Obstetrícia
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das doses. Por último, podem ainda ser responsáveis por reacções psicomimé-
ticas (disforia). Estes fármacos devem ser utilizados com extrema precaução
em pessoas com história recente de toxicodependência porque podem preci-
pitar um síndrome de privação.
O butorfanol é normalmente administrado em doses de 1 a 2 mg e.v., que
demoram cerca de 5 min a produzir efeito e duram aproximadamente 3 a 4 h.
Em termos analgésicos, é cerca de 5 a 8 vezes mais potente do que a morfina
e 30 a 50 vezes mais do que a petidina (numa base de miligramas). Acima dos
4 mg, não há aumento da depressão respiratória. Além do mais, parece que
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este fármaco não provoca efeitos depressores no recém-nascido . Alguns
estudos mostram uma menor incidência de náuseas e vómitos quando compa-
rado com a petidina. O butorfanol também foi comparado com o fentanyl na
analgesia do TP. Estes fármacos mostraram-se equivalentemente seguros e sem
efeitos nocivos na progressão do trabalho de parto activo, mas o butorfanol
assegurou uma analgesia inicial mais eficaz do que o fentanyl, com um número
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menor de parturientes a solicitarem nova dose .
Por causa de todas estas vantagens, e também devido à preferência
subjectiva de muitas mulheres que se sentem melhor com este agente, o
butorfanol tem vindo a ganhar grande aceitação e popularidade.
A nalbufina é dada em doses de 5 a 10 mg e.v. que necessitam de cerca
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de 5 min para produzir um efeito analgésico, que dura entre 3 a 6 h . Este
agente tem uma potência analgésica equivalente à da morfina. A depressão
respiratória máxima ocorre com 30 mg. Os efeitos nocivos fetais não são
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aparentes . Provavelmente, também há menor incidência de náuseas. Este
fármaco, tal como o butorfanol, pode ser dado por via intramuscular (início de
acção em cerca de 10 a 15 min). A nalbufina também pode ser administrada
por meio de uma PCA, podendo conduzir a um alívio superior do que com a
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petidina, em primíparas durante a primeira fase do TP .
4.1.6.2. Remifentanil
O mais recente opióide utilizado em analgesia do TP é o remifentanil. O
remifentanil é um agente ultrarrápido que foi especificamente sintetizado
como um potente agonista dos receptores m. É um derivado piperidínico, com
a configuração normal dos opióides, mas com uma ligação éster, o que o torna
um composto susceptível de metabolização por esterases não-específicas do
sangue e tecidos. Tem um início de acção muito rápido (60 a 90 s) e uma
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semivida de cerca de 3 min, em não grávidas .
Quando administrado a grávidas, através de uma perfusão contínua, atraves-
sa rapidamente a placenta, sendo de imediato metabolizado e redistribuído no
feto. No entanto, não há registos de um aumento de incidência de depressão
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respiratória ou de baixos valores de Apgar do recém-nascido . Com estas
propriedades, o remifentanil parece ser um opióide fácil de titular e útil quando
se deseja uma analgesia quer em períodos muito curtos quer em períodos muito
longos, sem a preocupação de um recobro prolongado. Pode ser, portanto, e
teoricamente, considerado como um fármaco sistémico próximo do ideal, para
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a analgesia do TP . Mas, os diversos estudos que têm sido realizados sobre a
utilização de remifentanil na analgesia do TP, quer em perfusão contínua quer
administrado em bólus ou via PCA, são fonte de grande controvérsia. Por
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exemplo, Owen, et al. descreveram o uso de uma perfusão contínua de
remifentanil durante uma analgesia de parto que durou 34 h (parturiente com
contraindicação para analgesia regional), com um boa eficácia e sem registo de
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efeitos adversos. Já Volmanen , que estudou 17 parturientes saudáveis subme-
tidas a uma PCA de remifentanil, durante 60 min da primeira fase do TP, chegou

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