Page 26 Analgesia em Obstetrícia
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4.2.2. Hidroxizina
A hidroxizina é um antihistamínico que causa sedação e previne as
náuseas e os vómitos maternos. É geralmente utilizado em associação a uma
dose reduzida de um opióide (a hidroxizina potencia a acção dos opióides e dos
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barbitúricos) . A dose usual são 25 a 50 mg i.m. (a injecção endovenosa é lesiva
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para as veias), que não parecem causar depressão respiratória neonatal .
4.2.3. Barbitúricos
Os barbitúricos (pentobarbital, secobarbital, amobarbital) são hipnóticos e
não analgésicos. Podem, inclusive, aumentar a percepção da dor quando admi-
nistrados sem um opióide concomitante. Causam sedação e ansiólise na mãe.
Estes agentes foram muito populares no passado, como medicação duran-
te a fase inicial do TP, mas hoje em dia já não são quase utilizados. A razão
principal deste facto prende-se com a sua capacidade de depressão fetal,
causando no recém-nascido uma grande sedação. Também partilham do efeito
hipotensor das fenotiazinas.
Alguns autores referem a utilização dos barbitúricos como indutores do
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sono, nas grávidas com falso trabalho de parto .
4.2.4. Benzodiazepinas
As benzodiazepinas são, talvez, dentro deste grupo, os fármacos mais utilizados.
As mais comuns são o diazepam, o lorazepam e o midazolam. Actuam através de
uma ligação a receptores específicos pós-sinápticos do sistema nervoso central.
Aumentam a eficácia e a disponibilidade da glicina (aminoácido inibitório). Promo-
vem, de igual forma, a eficácia do ácido gamaaminobutírico (GABA), um neuro-
transmissor inibitório. Estes efeitos produzem ansiólise, sedação e relaxamento
muscular. Quando utilizados em pequenas doses não produzem efeitos secundários
significativos, quer na mãe quer no feto. Em doses elevadas causam depressão
respiratória materna e diminuição da variabilidade da frequência cardíaca fetal.
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O diazepam foi usado, pela primeira vez, em obstetrícia, em 1964 . Este
fármaco atravessa rapidamente a placenta indo acumular-se no feto, podendo
mesmo a concentração plasmática fetal exceder a materna. Tem uma semivida
materna muito longa (24 a 48 h), sendo metabolizado no fígado em dois
metabolitos activos (desmetildiazepam e oxazepam) de semivida superior a
50 h. A hipotonicidade e a hipoactividade são características dos recém-
nascidos expostos ao diazepam. Com doses elevadas também se observam
baixos valores de Apgar, apneia, recusa alimentar e incapacidade para regular
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a temperatura corporal e as respostas metabólicas ao frio . O diazepam pode
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ainda ser responsável pelo aparecimento de Kernicterus , devido à sua capa-
cidade para deslocar a bilirrubina da sua ligação à albumina.
Ao contrário do diazepam, o midazolam é hidrossolúvel, sendo rapida-
mente metabolizado em compostos pouco activos, o que limita a sua acção. É
cerca de 2 a 5 vezes mais potente do que o diazepam devido à sua maior
afinidade pelos receptores benzodiazepínicos 30,31 .
É também importante mencionar que as benzodiazepinas (especialmente o
midazolam) podem causar amnésia sobre um acontecimento que todas as
mães querem, habitualmente, recordar para sempre.
4.3. Fármacos dissociativos
Este grupo inclui a ketamina e a escopolamina. Muito populares no passado,
estes fármacos são hoje muito menos utilizados durante o trabalho de parto,
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