Page 25 Analgesia em Obstetrícia
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à conclusão que há uma grande variação individual na dose requerida para que
a analgesia seja eficaz. Observou também a ocorrência de efeitos adversos
graves (desaturação e sedação materna, diminuição da variabilidade da frequên-
cia cardíaca fetal) que o fizeram admitir a futura limitação do uso de remifen-
tanil na analgesia do TP. Infelizmente, este estudo não foi continuado durante a
segunda fase do TP, pelo que não se podem tirar conclusões sobre as possíveis
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manifestações no recém-nascido. Jones obteve resultados positivos com o uso
prolongado de bólus de remifentanil, até à segunda fase do TP, num número
limitado de parturientes, sem efeitos adversos fetais. Estes estudos contrastam
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com o estudo de Olufolabi , que abandonou a sua investigação devido a uma
incapacidade de fornecer analgesia adequada, usando remifentanil, em quatro
parturientes sucessivas. Estas quatro mulheres apresentaram uma série de
efeitos secundários, incluindo depressão respiratória, náuseas e vómitos, seda-
ção e prurido facial. Neste estudo, o remifentanil não foi administrado pelas
parturientes mas sim por um elemento independente, no início da contracção.
Esta não é certamente a situação ideal. Concluindo, os estudos incidentes sobre
o uso de remifentanil, durante o trabalho de parto, até agora elaborados, não
respondem totalmente à questão sobre se este agente poderá constituir um
analgésico sistémico superior aos outros, no auxílio às grávidas. No entanto,
uma certeza parece surgir destes mesmos estudos. De forma a optimizar o perfil
farmacocinético do remifentanil, este deve ser administrado através de uma
perfusão contínua basal (doses baixas), com pequenos acréscimos de dose
analgésica durante o pico da contracção. Também parece lógico que à medida
que a grávida aumenta as suas demandas (indicando a progressão do TP), a taxa
de perfusão seja apropriadamente aumentada.
4.2. Sedativos/ansiolíticos
A exposição destes agentes obriga a uma advertência muito importante.
Eles não produzem qualquer alívio da dor do TP. O que estes fármacos
conseguem é diminuir a ansiedade e promover o sono das parturientes. Para
algumas mulheres, este efeito é o suficiente para conseguirem um TP e um
período expulsivo confortáveis. Muitas vezes, utilizam-se em associação a
outros fármacos, de modo a reduzir a dose de cada um dos grupos, diminuin-
do, assim, a probabilidade de aparecimento de efeitos secundários graves.

4.2.1. Fenotiazinas
As fenotiazinas são igualmente agentes antieméticos, ou seja, diminuem a
incidência de náuseas e vómitos. Este facto, conjugado com as suas proprie-
dades sedativas, constitui um efeito de acção desejável. Por este mesmo
motivo são, por vezes, associadas aos opióides.
A transferência placentária é rápida, com possível redução da variabilida-
de da frequência cardíaca fetal, mas outros efeitos sobre o feto são mínimos . 2
No entanto, a cloropromazina, a promazina e a proclorperazina podem causar
hipotensão materna através de um bloqueio alfaadrenérgico, sendo necessária
uma monitorização adequada.
A prometazina é, de longe, a fenotiazina mais utilizada. Numa fase precoce
do TP, 50 mg deste fármaco fornecem sedação e ansiólise. Na fase activa,
podem ser dados 25 a 75 mg (i.m. ou e.v.) associados ao opióide pretendido
(geralmente a petidina), em dose reduzida. Esta combinação de fármacos pode
ser repetida uma ou duas vezes, com um intervalo de 4 h. A dose máxima
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recomendada de prometazina, durante o TP, são100 mg/24 h . A prometazina
também funciona como um estimulante moderado respiratório, o que pode
contrabalançar a depressão respiratória induzida pelo opióide.

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