Page 134 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos
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 A infiltração anestésica intraoperativa local artificialmente a tensão arterial do doente
realizada pelo cirurgião é geralmente eficaz pois é mais prejudicial do que benéfico.
no período imediatamente após a cirurgia e  Devem existir programas de gestão de
deve ser usada sempre que exequível. pessoal que ofereçam formação para tratar a
 As técnicas locais e regionais de alívio da dor dor de forma segura, a todos os níveis, e
têm uma função importante em qualquer especialmente em doentes de elevado risco
serviço especializado na dor aguda e devem após uma cirurgia major.
ser incentivadas.
 Os analgésicos opióides devem estar Quais os equipamentos e
disponíveis e prontos a usar e devem ser medicamentos necessários
administrados regularmente.
 Os antagonistas dos fármacos, os para o tratamento da dor no
medicamentos, o equipamento de pós-operatório?
reanimação e uma boa monitorização são
essenciais em todas as instituições onde seja
realizada uma cirurgia major.  Simples agulhas hipodérmicas, ou de
 O serviço especializado na dor aguda deve preferência cânulas e seringas, ou ainda
organizar visitas regulares às enfermarias, tubos de perfusão intravenosa podem ser os
assegurar serviços de emergência em caso de únicos materiais necessários para tratar a
complicações, realizar investigação e efetuar maioria dos doentes. As bombas de seringa
auditorias quanto à gestão da dor. e de perfusão são cada vez mais usadas para
a analgesia contínua controlada pelo doente
Serviços de gestão avançada da dor em ou por um enfermeiro. Mais cedo ou mais
hospitais de ensino e outras unidades tarde, os preços e a disponibilidade destas
especializadas bombas deverão melhorar e fazer que os
 Estes serviços devem ter como objetivo países de baixos recursos consigam obtê-las.
dispor de uma unidade especializada na dor  Deverá existir uma vasta gama de
aguda, com diretrizes e protocolos, para medicamentos que reflita a variedade de
abranger crianças e adultos nos cuidados de doentes e intervenções executadas. A lista de
emergência e de acidentados, em blocos medicamentos essenciais da OMS pode não
operatórios e em salas de recobro, para além ser suficiente para gerir a dor após cirurgias
das enfermarias gerais. major, mesmo em países de baixos recursos.

 Pelo menos um ou dois médicos e um  A correta monitorização do doente deve
enfermeiro identificado especializado na dor incluir equipamento de monitorização
devem conseguir acompanhar casos pós- respiratória, incluindo oximetria de pulso,
operatórios difíceis e problemáticos, bem monitorização cardiovascular e gráficos de
como gerir eventuais complicações entradas/saídas de líquidos.
emergentes da dor pós-operatória ou do  No entanto, deve realçar-se que os melhores
respetivo tratamento. monitores são os médicos, os enfermeiros e
 Para algumas das cirurgias major ou para outros profissionais de saúde, com a ajuda
doentes muito afetados, são necessárias uma dos familiares e de outras pessoas próximas.
sala de recobro, uma unidade para doentes Simples gráficos de observação da sedação e
altamente dependentes e, se possível, uma de alerta precoce para eventos adversos
unidade de cuidados intensivos, de modo a ajudam a gerir até os doentes mais difíceis
tratar a dor de forma eficaz no pós- nas áreas dotadas de menos recursos.
operatório imediato. Não é aceitável
basearmo-nos nas respostas simpáticas
causadas pela dor para aumentar
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