Page 136 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos
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 As funções cardíaca e pulmonar podem ser muito dolorosas, mas, felizmente, são fáceis de gerir
comprometidas, mas uma boa gestão da dor com técnicas regionais)
pode prevenir ou controlar grandes  Os doentes são geralmente idosos e têm
complicações e ajudar na fisioterapia. grandes problemas geriátricos e médicos.
Intervenções neurocirúrgicas (por ex. cirurgia major  São comummente usados anestésicos locais
espinal com dor forte, craniotomia e ressecção de intratecais e epidurais com opióides.
tumores cerebrais com dor moderada, traumatismo  Suposições teóricas são muito raras, como
e fraturas cranianas com dor moderada) espasmos dos esfíncteres causados pela
 Quando sob opióides, deve proceder-se com morfina.
precaução ao interpretar a Escala de Coma
de Glasgow. Septicémia
 Doses elevadas de opióides podem causar Os doentes septicémicos são comuns nos países
hipoventilação e aumentar a pressão pobres. Muitos destes doentes poderão não ser
intracraniana. elegíveis para anestesia regional e local com
 Pode ser aconselhável evitar anti- analgesia se a septicémia for pronunciada.
inflamatórios não esteróides. Podem também produzir-se efeitos
 O bloqueio nervoso pode ser muito útil nas farmacológicos imprevisíveis com opióides, anti-
zonas do epicrânio, da cabeça e do pescoço. inflamatórios não esteróides e outros fármacos
potentes devido a falência multiorgânica. Se não
 As náuseas e vómitos podem ser um
problema. estiverem contra-indicados, o acetaminofeno e a
dipirona ajudam a combater a dor e a febre
 Alguns profissionais de saúde preferem a
dihidrocodeína ou outros opióides «fracos» observadas nos doentes septicémicos.
relativamente aos opióides fortes devido à Pérolas de sabedoria
suposição de que causam menos depressão
respiratória. No entanto, se as doses forem
cuidadosamente tituladas para o efeito  A dor aguda após cirurgias major
pretendido e adequadamente monitorizadas, proporciona poucos benefícios e inúmeros
qualquer opióide pode ser usado de forma problemas para os doentes e deve ser tratada
segura. sempre que possível.
Intervenções aos ouvidos, nariz, garganta, dentais e  No entanto, o tratamento para a dor pode,
maxilofaciais (por ex. fixação de fratura maxilar com em si, causar problemas e deve ser planeado
dor moderada, amigdalectomias com dor moderada e praticado com diretrizes e protocolos
mas, por vezes, forte) escritos claros.
Os problemas comuns incluem:
 A educação e o envolvimento do doente, da
 Preocupações relativas às vias aéreas, família e de toda a equipa médica são fatores
especialmente no que diz respeito a importantes para que qualquer programa de
hemorragias, aumento de secreções e uso de gestão da dor seja bem-sucedido.
opióides.
 Os protocolos e as diretrizes universais
 Perigo de apneia do sono, agitação ou sobre a gestão da dor aguda devem ser
estados de consciência diminuídos. incentivados pela OMS e por outros
 Na medida do possível, deve evitar-se as organismos profissionais e de
náuseas, o vómito e o vómito seco. regulamentação. Serão necessárias alterações
 A petidina (meperidina) pode apresentar regionais e locais que reflitam o tipo de
efeitos benéficos anticolinérgicos doentes e o tipo de cirurgia, bem como os
relativamente a outros opióides. recursos disponíveis.
Intervenções urogenitais (por ex. prostatectomia,  Mesmo em países de baixos recursos, devem
reconstrução uretral e nefrectomia, que podem ser ser envidados esforços para fornecer fundos
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