Page 131 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos
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acontece geralmente antes da depressão respiratória, problemática após um uso prolongado de opióides,
se monitorizarmos rigorosa e regularmente a pelo que podem ser usados laxantes ligeiros, como a
sedação, devemos conseguir prevenir a depressão lactulose.
respiratória. Um nível de sedação simples como o Os problemas renais, hemorrágicos e outros
descrito em seguida deve ser usado em todos os podem piorar com o uso de anti-inflamatórios não
doentes a tomar opióides: esteroides e outros analgésicos. Os doentes devem
Categoria 0 doente bem acordado ser monitorizados mais rigorosamente caso exista
Categoria 1 ligeira sonolência, fácil de algum motivo de suspeita com base na história
despertar clínica e nos exames.
Categoria 2 sonolência moderada, fácil
de despertar Quais as opções de
Categoria 3 forte sonolência, difícil de
despertar tratamento da dor
Categoria 4 adormecido, mas fácil de disponíveis?
despertar
Por conseguinte, a chave para a utilização segura de opióides
em países de baixos recursos consiste em monitorizar muito Analgésicos periféricos
atentamente o nível de sedação e evitar a sedação de Categoria Os analgésicos periféricos são por vezes descritos
3. A monitorização regular, por exemplo por um enfermeiro, como analgésicos fracos a moderados e podem ser
pode ser considerada tão segura quanto a monitorização com usados por via intravenosa, intramuscular, rectal ou
equipamento técnico! oral. Alguns exemplos são o acetaminofeno
(paracetamol), o ibuprofeno e o diclofenac. Embora
Que outros parâmetros possam não conseguir controlar a dor por si só após
uma cirurgia major, são muito úteis combinados
devem ser medidos nas entre si ou com opióides e outras técnicas

enfermarias após uma analgésicas. Um dos principais progressos na gestão
da dor no pós-operatório é a utilização regular de
cirurgia major? analgésicos periféricos após todas as categorias de
cirurgia.

Após todas as cirurgias major, deve ser Anestésicos locais e regionais
monitorizado o seguinte em todos os doentes: Estes incluem infiltrações nos locais da abordagem
 Nível de consciência cirúrgica, bloqueios de campo, bloqueios nervosos e
 Posição e postura do doente bloqueios regionais dos membros e do tronco. Estes

 Ritmo e profundidade da respiração são particularmente úteis nas primeiras 12 a 24
 Tensão arterial, pulso e pressão venosa horas, quando existe uma séria preocupação
central, quando indicado relativamente às complicações cardiovasculares e
 Estado de hidratação e produção de urina respiratórias.
 Todos os medicamentos administrados
juntamente com os analgésicos Analgésicos «centrais»
Os opióides são os mais úteis deste grupo, mas, em
 Atividade e satisfação dos doentes
determinadas situações, os anestésicos gerais, como
 A história clínica, os exames e uma boa a cetamina intravenosa em doses «sub-anestésicas»
manutenção dos registos revelam eventuais podem ser usados para o alívio da dor sem colocar
problemas. os doentes em estado de inconsciência.

Complicações como as náuseas e os vómitos
podem ser perturbadoras e devem ser controladas
com antieméticos. A obstipação pode ser

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