Page 328 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos

medicamentos anti-inflamatórios não esteroides
(AINE). A clonidina, um agonista alfa-2-adrenérgico,
pode ser utilizada para aumentar os efeitos sedativo
e analgésico dos opióides. Foi observada uma
redução substancial da necessidade de opióides e
dos efeitos secundários associados com baixas doses
de clonidina. O diclofenac, o cetoprofeno, o ibuprofeno e
outros AINE são adequados para a dor óssea e para
a dor dos tecidos moles em jovens doentes que não
sofram de asma ou disfunção renal e podem reduzir
a necessidade de opióides. Pode ser usadas as vias
oral, nasogástrica, intravenosa e retal.
Independentemente da via de administração,
causam irritação gástrica. Por isso, deve ser efetuado
tratamento profilático para úlceras gástricas.
Contudo, devem ser considerados os efeitos
secundários significativos dos AINE nos cuidados
intensivos: podem causar broncoespasmo, podem
precipitar ou exacerbar uma tendência para
hemorragia, causar hemorragia gastrointestinal por
ulceração das mucosas (exacerbada pela inibição de
plaquetas) ou conduzir ao desenvolvimento de
disfunção renal ou agravamento da insuficiência
renal, em particular quando estão presentes outros
riscos, como hipotensão, hipertensão ou diabetes.
Os AINE devem ser prescritos com precaução em
doentes mais idosos, devido à maior incidência de
complicações gástricas e de disfunção renal. A
aspirina, a indometacina e os inibidores da
ciclooxigenase (COX)-2 não são recomendados para
administração em UCI devido a uma grande
quantidade de efeitos secundários.
O que dizer sobre a administração de Cetamina
em unidades de cuidados intensivos?
Pode ser conseguida uma boa analgesia com baixas
doses de cetamina. Não é geralmente usada para
analgesia de base nos cuidados intensivos no Reino
Unido, embora possa ser usada no âmbito de
pequenas intervenções. Alguns estudos
demonstraram que a cetamina reduz a necessidade
de opióides em doentes cirúrgicos em cuidados
intensivos. As de doses para evitar efeitos
secundários psicomiméticos é de 0,2 a 0,5 mg/kg de
peso corporal. Ao administrar S-cetamina, a dose
deve ser dividida por dois. É possível uma
administração de longa duração. A cetamina pode
ser o analgésico de eleição em doentes com história
de broncoespasmos, exceto se contribuir para
arritmias principalmente se também for usada
aminofilina. Quando não estão disponíveis
analgésicos caros, a cetamina pode ter uma função
importante nos cuidados intensivos enquanto
adjuvante no alívio da dor. Além disso, quando
existe dor com componente neuropático pode
constituir uma indicação, uma vez que os
coanalgésicos «normais» para a dor neuropática, por
ex. a amitriptilina, a carbamazepina e a gabapentina,
não estão disponíveis para administração parentérica
e têm um início de ação mais lento.
Podem ser usadas técnicas anestésicas locais
numa unidade de cuidados intensivos?
Podem ser aplicados bloqueios nervosos
intercostais, bloqueios paravertebrais, analgesia
epidural, bloqueios do músculo transverso
abdominal (TAP) , bloqueio nervoso femoral e
bloqueios do plexo interescalénico/braquial sob a
forma de administração única ou com colocação de
cateteres (não nos bloqueios intercostais) para
perfusão contínua. A fim de evitar lesão nervosa,
devem ser usados estimuladores nervosos ou
orientação por ultrassons, se o doente estiver
sedado e não puderem ser referidas parestesias.
Deve ser analisado o perfil de coagulação com
regularidade, a contagem sanguínea completa e o
número de plaquetas antes de realizar estes
procedimentos, uma vez que as técnicas regionais
estão contraindicadas em doentes com tendência
para hemorragia, como a hipocoagulação,
coagulopatia e trombocitopenia. Se for usada uma
técnica contínua com cateter, tal deverá ser identificado
claramente. Deve ser usado um filtro para minimizar
ou prevenir infeções.
O que deve ser debatido relativamente a uma
analgesia adequada para Joe
 Disponibilidade de analgésicos (tipo e
forma)
 Analgésico adequado para esta situação,
dado que este doente apresenta insuficiência
renal e coagulopatia
 Opióides (preferencialmente sob a forma de
perfusão contínua)