Page 329 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos

 O bloqueio nervoso e/ou epidural pode ser
adequado logo que a função renal melhore e
o doente deixe de apresentar coagulopatia.
Como e quando devem ser usados ansiolíticos e
sedativos
Embora estes fármacos não tenham quaisquer
propriedades analgésicas, podem permitir a redução
da dose de analgesia necessária. Num inquérito
realizado em 2001 na Europa Ocidental, o midazolam
foi usado com maior frequência para a sedação em
situações de cuidados intensivos por ter uma ação
de duração mais curta do que o diazepam e ser
menos propenso à acumulação. O lorazepam é um
fármaco com uma boa relação custo / benefício, de
ação mais prolongada e que pode ter efeitos
ansiolíticos benéficos no tratamento prolongado da
ansiedade. No entanto, pode resultar em sedação
excessiva. Nas diretrizes da American Society of
Critical Care Medicine, o lorazepam foi o
medicamento recomendado para uma sedação de
maior duração. O propofol sob a forma de perfusão
também é frequentemente usado em inúmeros
países da Europa. Apresenta a vantagem de poder
ser titulado facilmente e o seu efeito costuma
diminuir rapidamente depois de interromper a
perfusão, permitindo assim conseguir uma «pausa
na sedação» nas UCI. Para além das
benzodiazepinas e do propofol, foram usados
outros medicamentos com propriedades sedativas
no passado e passaram a ser considerados obsoletos
para a sedação: as fenotiazinas, os barbitúricos e as
butirofenonas. Os opióides não devem ser usados para
alcançar a sedação, e alguns dos seus efeitos secundários
podem ser bastante perturbadores, só por si .
A sedação excessiva tem efeitos negativos –
a mobilidade reduzida resulta num aumento do risco
de trombose venosa profunda e de
tromboembolismo pulmonar. A sedação excessiva
pode abrandar o processo de desmame ou atrasar a
extubação quando o doente está preparado para tal,
pode prolongar o internamento em UCI, com os
riscos associados, e aumentar o custo dos cuidados.
Após vários dias de terapêutica contínua com
propofol ou benzodiazepinas, os fenómenos de
privação podem ser precipitados, pelo que a
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redução da dose deve ser gradual, a fim de evitar
este efeito.
Que adjuvantes dos agentes farmacológicos
devem ser considerados em unidades de
cuidados intensivos?
Uma UCI pode ser um local ruidoso, com alarmes
de monitores constantes, telefones e chamadas para
pagers. Grande parte do ruído produzido pelos
alarmes dos monitores pode ser evitado, definindo
limites para os alarmes próximos das variáveis
expectáveis para um determinado doente nessa
altura. Isto significa que o alarme não deixará de
soar caso ocorra uma alteração inesperada. Embora
os doentes possam parecer adormecidos ou
sedados, podem continuar a ouvir, pelo que é as
conversas acerca do doente deverão
preferencialmente ocorrer onde este não as consiga
ouvir, uma vez que poderá interpretar erroneamente
a informação. Tal aplica-se talvez mais ainda às
conversas relativas a outros doentes, dado que um
doente a ouvir pode interpretar que a conversa lhe
diz respeito.
A regulação da iluminação para oferecer
níveis diurnos/noturnos pode ajudar. Mesmo que o
doente esteja cansado, é difícil manter-se
adormecido com uma iluminação diurna, pois o
doente na UCI não tem a opção de se refugiar
debaixo dos lençóis. As sensações de sede, fome,
frio ou calor são forças impulsionadoras que
conduzem geralmente à procura de uma solução,
mas tal está fora do alcance de um doente em UCI.
Cuidados adequados oferecidos pelos
enfermeiros ajudam a evitar as zonas de pressão e a
que o doente fique deitado em lençóis ou tubos
desordenados, que a tubagem do ventilador puxe
pelo tubo endotraqueal, que os cabos do ECG
estejam esticados sobre a pele do tórax, que
sistemas de perfusão gota-a-gota faça tração nos
cateteres (para além disso, deslocação de cateteres
significa geralmente reinserção, o que pode revelar-
se difícil). Uma consciencialização deste tipo de
detalhes ajuda a reduzir desconforto desnecessário.
Os modos de ventilação, como o de pressão
de suporte, e outros modos em ventiladores
modernos, estão associados a um maior conforto do
doente e exigem menos analgesia e sedação