Page 34 Manual de Interações medicamentosas no tratamento da dor crónica
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Interações Farmacocinéticas

A possível interação farmacocinética associada aos opióides poderá levar a
efeito opióide excessivo (potencialmente letal), perda de eficácia analgésica,
predisposição para outros efeitos adversos, interpretação desadequada de
testes de screening e, já no âmbito do consumo não médico, potencial re-
caída no consumo de drogas ilícitas. (Overholser & Foster, 2011)


Os fármacos que mais vezes condicionam alteração da farmacocinética dos
opóides, fazem-no essencialmente através dos mecanismos de eliminação,
quer o metabolismo (o principal interveniente) quer a excreção.
No entanto as alterações da farmacocinética podem ocorrer em todos os
momentos desde a absorção à eliminação e podem atingir qualquer um ou
ambos os fármacos envolvidos. (Overholser & Foster, 2011)


Os opióides actuam sobre o tubo digestivo, diminuem a motilidade e secre-
ções, atrasando a absorção de outros fármacos, como tal diminuindo a sua
concentração máxima. A ranitidina, por alteração do pH gástrico, aumenta
a concentração plasmática de morfina. (HeisKanen & Kalso, 2012)


No endotélio capilar cerebral, a P-gp (proteína de transporte) impede a pas-
sagem da barreira hemato-encefálica aos opióides e seus substratos (ex:
morfina, codeína, metadona e fentanilo). No intestino, limita a sua absorção,
ao removê-los do enterócito para o lúmen intestinal. (HeisKanen & Kalso,
2012)













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