Page 38 Manual de Interações medicamentosas no tratamento da dor crónica
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A IM não surge de forma sistemática quando há administração concomi-
tante de dois ou mais fármacos; irá depender dos níveis de afinidade dos
fármacos para as enzimas, bem como dos níveis circulantes. A IM que re-
sulta da indução enzimática é de expressão mais tardia por implicar síntese
proteica, ao contrário da inibição.
A morfina é essencialmente glucoronizada pelo UGT, pelo que a sua ativida-
de analgésica pode ficar reduzida em presença de indutores desta enzima,
como sejam a carbamazepina e a rifampicina. (HeisKanen & Kalso, 2012)
A codeína tem um elevado potencial de IM por ser metabolizada em si-
multâneo pelas isoenzimas CYP2D6 (em morfina e M-6-G que lhe confere
atividade analgésica) e pelo 3A. Como tal, pode não haver analgesia quan-
do há administração simultânea de codeína e inibidores do CYP2D6 (ex:
duloxetina, imatinib, quinidina), ou quando o doente é um metabolizador
fraco, fruto do polimorfismo genético. Tabela 2 e 7 (Overholser & Foster,
2011) (HeisKanen & Kalso, 2012). Já os inibidores do CYP3A4 podem levar
ao aumento da concentração sérica de codeína e maior taxa de conversão
para morfina (dependente da associação a perfil metabólico de metaboliza-
dor extensivo ou ultrarápido).
A oxicodona, por ser extensamente metabolizada pelo CYP3A, tem a sua
atividade analgésica aumentada com a administração concomitante de ini-
bidores desta enzima (ex: cetokonazol, ritanavir, sumo de toranja), com um
grande potencial de efeitos adversos. A administração simultânea de indu-
tores do CYP3A (ex: rifampicina, carbamazepina, hipericão), pode diminuir
a taxa de eficácia ou quase anular o efeito analgésico da oxicodona. Tabela
2 e 7 (Overholser & Foster, 2011) (HeisKanen & Kalso, 2012)
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