Page 25 Volume 11, Número 3, 2003
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J. Luís Portela: Simpósito Ferrer Azevedos: Estudo de Prevalência de Dor Irruptiva

Tabela 1. Tabela 3.
Morfina 23 episódios 31,9%
15 MAMA AINE 19 episódios 26,4%
COLÓN Propacetamol 7 episódios 9,7%
42 13 PULMÃO Paracetamol 6 episódios 8,3%
PRÓSTATA Tramadol 5 episódios 6,9%
Ketomizol
4,2%
3 episódios
PÃNCREAS Dextropropoxifeno 2 episódios 2,8%
12 RECTO Fentanil 1 episódio 1,4%
ESTÕMAGO Codeína 1 episódio 3,3%
RIM Clonixina 1 episódio 3,3%
4 GÁSTRICO Hectonizol 1 episódio 3,3%
11 Outros 3 episódios 4,2%
4 M. MÚLTIPLO Relaxamento /
5 C. ÚTERO Manobras físicas 6 episódios 8,3%
6 10 OUTROS
7 7 Nenhuma /
Não referida 25 episódios 34,7%
Tabela 2.
O tipo de estudo efectuado e a recolha de
AINE 94 doentes 68,1% dados, em que houve grande variabilidade entre
Corticóides 28 doentes 20,3%
Anticonvulsivantes 26 doentes 18,8% as pessoas que colheram informação e o sub-
Antidepressivos 81 doentes 58,7% jectivismo inerente nestes casos, podem levantar
Outros 42 doentes 30,4% algumas reticências quanto aos resultados; con-
tudo, parecem suficientemente elucidativos so-
bre a importância do problema e a ausência de
tratamento adequados, já que o tempo necessá-
O número de episódios por doente oscilou rio ao alívio da dor se mostrou muito aumentado.
entre 1 e 5 episódios (média 1,76), verificando- Registe-se, também, o facto da percentagem
se que apenas um doente referiu 5 episódios. elevada de doentes em que não foi efectuado
Os episódios ocorreram de um modo súbito qualquer tratamento.
em 57,7% dos casos e gradualmente em 42,3%
dos doentes. Agradecimento
A duração média dos episódios foi de 46,8 Agradecemos às unidades de dor dos Hospitais
min (variações entre 2 e 240 min), sendo a de S. João, Santo António e IPOFG, Porto, Centro
intensidade média da crise de 6,14, avaliada Hospitalar de Vila Nova de Gaia, Hospital de Nª Sª
através da escala visual analógica (VAS). de Oliveira, Guimarães, Hospitais da Universidade,
Quanto ao tipo de dor ela ocorreu de um Centro Hospitalar e IPOFG, Coimbra, Centro Hos-
modo espontâneo em 48,5% dos casos, de um pitalar da Cova da Beira, Fundão, Hospital Inf. D.
modo incidental em 34% e por falência final de Pedro, Aveiro, Hospital Santo André, Leiria, Hospi-
dose em 17,5%. tal Reynaldo dos Santos, Vila Franca de Xira,
As terapêuticas instituídas nas crises (Quadro Hospitais Curry Cabral, Santo António dos Capu-
3) foram muito variadas, ocupando os opióides chos, S. Francisco Xavier e IPOFG, Lisboa, Hos-
fortes a maior percentagem (35,2%), seguido pital Fernando da Fonseca, Amadora, Hospital de
pelos NSAID (26,4%) e em menor percentagem Santa Cruz, Carnaxide, Unidade de Cuidados
outros fármacos e outros métodos. É de realçar Continuados, Odivelas, Hospital Garcia de Orta,
que cerca de um terço dos episódios (34,7%) Almada, Hospital Nª Sª do Rosário, Barreiro, Hos-
não foi sujeito a qualquer terapêutica. pital Distrital de Setúbal, Hospital do Espírito San-
O tempo médio até ao alívio da dor foi de to, Évora e Centro Hospitalar do Funchal, a sua
32,5 min, com um intervalo entre 2 e 120 min. prestigiosa colaboração, sem a qual não teria
sido possível realizar este estudo.
Conclusões Agradecemos, também, aos Laboratórios Fer-
É notório neste estudo a elevada prevalência de rer Azevedos, SA por todo o apoio logístico.
episódios de dor espontânea nos doentes oncoló-
gicos sujeitos a terapêutica de manutenção com Bibliografia
opióides (41,5%), embora, na caracterização dos 1. Higgnson IY, Hearn Y, Addington-Hall J. Epidemiology of cancer
episódios, apenas metade dos episódios se possa pain. Em: Sykes N, Fallon MT, Patt RB (eds). Cancer Pain 2003.
considerar como dor irruptiva. Este facto, no entan- 2. Portenoy RK, Hagen NA. Breakthrough pain: definition, prevalence
and characteristics. Pain 1990;41:273-81.
to, não altera o interesse do problema, na medida 3. Saunders C. The treatment of intractable pain in terminal cancer.
em que, perante um episódio de dor espontânea Proc R Soc Med 1963;56:195-7.
se impõe uma terapêutica com início de acção 4. Portela JL. Estudo sobre a prevalência da dor irruptiva em doentes DOR
oncológicos em Portugal. Poster 2002.
imediata, devendo a caracterização do tipo de dor 5. Sevarino FB, et al. Anesth Analg 1997;84:330.
indicar-nos a melhor atitude a tomar. 6. Fortner B, Okon T, Portenoy RK. In press. 25
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