Page 40 Volume 13 - N.1 - 2005
P. 40
Dor (2005) 13 L. Diogo: Cefaleias trigémino-autonómicas: Tratamento
Cefaleias trigémino-autonómicas
Tratamento
Lívia Diogo Sousa
Cefaleias em salvas Os triptanos, agonistas dos receptores
No tratamento das Cefaleias em Salvas há a 5HT1BD da serotonina com acção vasoconstri-
considerar a abordagem não Farmacológica tora com selectividade relativa para os vasos
que consiste na evicção dos factores desenca- cerebrais, são nesta patologia como na enxa-
deantes das crises designadamente o álcool e queca, contra-indicados em doentes com do-
o tabaco e o tratamento farmacológico ença cardíaca isquémica ou com hipertensão
não controlada.
Tratamento farmacológico da crise Oxigénio
Triptanos
Sumatriptano subcutâneo Oxigénio normobárico a 100%
Desde 1956 com Horton e com estudos pos-
31
Na dose comercial de 6 mg, é a opção mais teriores foi confirmada a utilidade do O nas
2
eficaz para abortar a crise aguda de cefaleias em crises de cefaleias em salva. Kudrow em 1981
36
salva. O benefício clínico é registado ao fim de relata um benefício clínico de 75% em 52 doen-
11
15 minutos em cerca de 74% das crises . A dose tes, com O a 100% em máscara a 7 litros por
de 12 mg não se revelou superior num ensaio minuto, durante 15 minutos, que é confirmado em
2
12
clínico duplamente cego com 134 doentes. Ao ensaio posterior duplamente cego contra ar,
19
longo do tempo não há perda da eficácia clínica, como placebo.
facto que foi confirmado por dois estudos 13,20 . A prática clínica veio a confirmar a sua utili-
dade, segurança e relativa inocuidade. Reco-
Sumatriptano intranasal 58 menda-se a administração do O por máscara,
2
É uma alternativa, embora menos eficaz (54% logo no inicio da crise com o doente sentado
aos 30 minutos contra 26% para o placebo). com os cotovelos nos joelhos e com a face para
4
Zolmitriptano: em comprimidos, foi estudado baixo, para diminuir a congestão venosa, por
nas doses de 5 e 10 mg em cefaleias em salvas um primeiro período de 20 minutos seguido de
episódicas e crónicas, tendo-se registado um 5 minutos de descanso repetindo a administra-
40
benefício modesto aos 30 minutos, que só foi ção se necessário . Recomenda-se também
significativo para a dose de 10 mg e na forma que o doente respire normalmente e evite a hi-
episódica da doença (47%), comparativamente perventilação.
ao placebo (29%). A formulação nasal de zol- Foi também utilizado o O hiperbárico que não
2
54
mitriptano está a ser estudada e revela-se pro- foi vantajoso em relação ao O convencional
2
metedora.
Outros
Frovatriptano
Lidocaina
Num estudo recente, aberto, do grupo do prof.
34
Silverstein , este fármaco foi administrado como Em gotas nasais a 4% é utilizado por alguns
60
terapêutica adicional ao tratamento preventivo, como terapêutica alternativa para a crise. Utili-
na dose fixa de 2,5 a 5 mg/dia, a uma população zam 1 ml de lidocaína a 4% por via intranasal, que
de doentes refractária ao tratamento clássico, pode ser repetido uma vez 15 minutos após a
geralmente o verapamil. Assistiu-se a um bene- dose inicial. O doente fica deitado com a cabe-
o
fício significativo que foi mais marcado na for- ça para baixo a 30 e rodado para o lado da
ma episódica (8 de 9 doentes com alívio com- cefaleia. O efeito terapêutico é atribuído ao efei-
pleto), do que na forma crónica (melhoria em to anestésico local.
5 de 7 doentes; 3 com alívio completo).
Dihidroergotamina injectável
Nos países em que está disponível, é uma
Serviço de neurologia outra opção terapêutica para a crise, bem co-
Consulta de cefaleias DOR
Hospitais da Universidade de Coimbra nhecida desde 1937, com Harris, e posterior-
Coimbra, Portugal mente com Horton 28,31 . 39