Page 28 Volume 13 - N.4 - 2005
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T. Rebelo, C. Oliveira: Dor no Doente com Alterações Cognitivas
facial, queixas verbais, movimentos corporais, vos (exemplo: calmo, agitado), os restantes nove
humor e alterações do comportamento habitual. itens referem-se a categorias e também são pon-
É um procedimento dispendioso em termos de tuados até 4. Quanto mais elevado o resultado,
tempo de implementação, com necessidade maior a disfunção, sendo necessários 5 a 10 mi-
de documentação adequada, sendo necessário nutos para completar a avaliação. Esta escala
aprendizagem específica por parte dos obser- apresentou validade e fiabilidade, mas num es-
vadores. tudo com número reduzido de indivíduos.
A Discomfort in Dementia of the Alzeihmer’s A Non-Communicative Patient’s Pain Assess-
Type (DS-DAT) é um instrumento, tal como a ment Instrument (NOPPAIN) é um método que
ADD, de avaliação de desconforto em doentes permite avaliar a dor integrada na rotina diária
com demência. Foi posteriormente estudada duma enfermaria. Demora pouco tempo (cerca
numa tentativa de avaliar a dor. A sua aplicação de cinco minutos) e combina imagens com texto
consiste na observação da presença/ausência e para auxiliar observadores menos experientes.
gradação em frequência, intensidade e duração São registadas nove actividades como ausentes/
de nove itens: respiração ruidosa, vocalizações presentes e seis comportamentos pontuados de
negativas, expressões faciais de satisfação, tris- 0 a 5 numa escala de 6 pontos de Likert. Tam-
teza ou medo, músculos relaxados ou contraí- bém recorre a um «termómetro de dor» para
dos, «testa enrugada» e agitação. Necessita de avaliar a dor mais intensa. Esta primeira aborda-
tempo para ser realizada – cinco minutos em gem é realizada pela equipa de enfermagem e
repouso antes da avaliação e 15 minutos para se for obtido um resultado igual ou superior a 3,
ser completada. É um método muito complexo e nova avaliação deve ser realizada por um profis-
subjectivo, estando recomendada a sua utiliza- sional mais experiente. Uma das desvantagens
ção no contexto de investigação com observado- desta metodologia é a variabilidade do score
res experientes. De referir a não-inclusão de com- máximo, porque as actividades avaliadas não
portamentos mais subtis e infrequentes de dor são uniformes para todos os doentes .
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(alterações do estado mental, rotinas). Apesar A Nonverbal Behavioral Pain Scale deve ser
das desvantagens apresentadas, é o gold stan- usada em conjunto com o conhecimento dos
dard para a caracterização de novas escalas. antecedentes do doente, história da dor, exame
A Checklist of Nonverbal Pain Indicators (CNPI) físico e avaliação do ambiente. À semelhança
foi criada com o objectivo de avaliar comporta- de todas as outras, contém vários parâmetros
mentos considerados como indicadores de dor. com determinado valor numérico.
Necessita da observação de seis parâmetros: A Behavioral Pain Assessment for Dementia
vocalizações não-verbais, esgares, esbracejar, Persons avalia a alteração dos comportamentos
esfregar, agitação e queixas verbais. Estes itens descritos relativamente ao seu agravamento ou
são todos eles comportamentos mais frequentes não, desde a última observação ou intervenção.
e evidentes em situações de dor aguda. É um Os itens avaliados são a agressividade, expres-
método que não tem em consideração as alte- são facial, agitação, recusa de tratamento, mo-
rações do comportamento habitual, das rotinas vimentos de defesa, verbalização e comporta-
e oscilações mais subtis do estado mental, no mentos anti-sociais, entre outros.
entanto, parece apresentar algumas vantagens. A DOLOPLUS 2 é uma versão revista duma
Necessita de tempo reduzido para uma avalia- escala prévia, que consiste na avaliação de re-
ção completa e é fácil de usar. Está descrito um percussões somáticas (queixas somáticas, posi-
estudo em que não se verificou existirem dife- ção de defesa em repouso, protecção das zonas
renças significativas entre o comportamento de dolorosas, mímica e sono), repercussões psico-
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idosos com e sem défices cognitivos . motoras (higiene e/ou acto de se vestir, movimen-
A Pain Assessment in Advanced Dementia tos) e repercussões psicossociais (comunicação,
(PAINAD) é das poucas escalas validadas para vida social e alterações do comportamento).
idosos com demência. Consiste na avaliação de Cada item tem subdivisões que são pontuadas
cinco parâmetros classificados de 1 a 2 (respi- de 0 a 3, devendo ser avaliados longitudinalmen-
ração independente de vocalizações, vocaliza- te até ao alívio da dor. A escala demora cerca
ções negativas, expressão facial, linguagem de cinco minutos a ser completada após treino
corporal e consolo). Tal como as outras tabelas, adequado. A DOLOPLUS 2 só deve ser aplicada
tem carácter subjectivo sendo necessário tempo a doentes incapazes de comunicar e com défi-
de aprendizagem para uniformização de resul- ces cognitivos.
tados. É um instrumento promissor não só pela Em todas estas escalas, normalmente estão
sua facilidade de aplicação e sensibilidade, implícitos a observação e registo da presença/au-
como também pela necessidade de curtos perí- sência de comportamentos, sua intensidade e
odos de tempo para implementação. frequência.
A Pain Assessment for the Dementing Elder Em resumo, para uma correcta avaliação da
(PADE) consiste no registo de 24 itens, divididos dor podemos recorrer à combinação de três as-
em três secções, incluindo sinais físicos, avalia- pectos: interrogar activamente, observar presen- DOR
ção global e actividade funcional. Quinze itens ça de sinais de dor e investigar alterações de
são pontuados de 1 a 4 usando termos descriti- comportamento. Se estes aspectos per si já nos 27
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