Page 30 Volume 17 - N.1 - 2009
P. 30
M.J. Ramalho: Avaliação da Satisfação dos Pacientes com o Controlo da Dor Aguda do Pós-Operatório
Contudo, a monitorização da satisfação dos 2. Donabedian A. The quality of care: How can it be assessed? JAMA.
1988;260(12):1743-8.
pacientes com a actividade assistencial no âm- 3. The Joint Commission. Pain assessment and management: An or-
bito da saúde coloca ainda muitos problemas ganizational approach. Oakbrook Terrace, IL: JCAHO; 2000.
metodológicos. 4. Press I. Patient satisfaction: Understanding and managing the
a
No que respeita ao controlo da dor aguda de experience of care. 2. ed. Chicago: Health Administration
Press; 2006.
pós-operatório que deve constituir-se, por si só, 5. Cleary P, McNeil B. Patient satisfaction as an indicator of quality of
como um outro indicador da prestação de servi- care. Inquiry. 1988;25:25-36.
ços de qualidade, a avaliação da satisfação dos 6. Linder-Pelz S. Toward a theory of patient satisfaction. Social Science
& Medicine. 1982;16:577-82.
pacientes através de itens quantitativos tem-se 7. Abramowitz S, Cote A, Berry E. Analyzing patient satisfaction: A
revelado de pouca utilidade, porque pouco dis- multianalytic approach. Quality Review Bulletin. 1987;13(4):122-30.
criminativa em termos dos graus de satisfação 8. Greeneich D. The link between new and return business and qual-
e pouco reveladora da verdadeira experiência ity of care: Patient satisfaction. Advances in Nursing Science. 1993;
16:62-7.
dos pacientes cirúrgicos. As suas medidas, tal 9. Williams B. Patient satisfaction: A valid concept? Social Science &
como existem hoje, e quando utilizadas de forma Medicine. 1994;38:509-16.
isolada, podem conduzir à leitura de que as 10. Beck SL, Towsley GL, Berry PH, Lindau K, Field RB, Jensen S. Core
práticas são óptimas, já que na sua maioria os aspects of satisfaction with pain management: Cancer patients’
perspectives. Journal of Pain and Symptom Management. 2010;
pacientes dizem estar satisfeitos ou altamente 39(1):100-15.
satisfeitos com os cuidados prestados face ao 11. Roth W, Kling J, Gockel I, et al. Dissatisfaction with post-operative
controlo da sua dor no período pós-cirúrgico, pain management: A prospective analysis of 1071 patients. Acute
Pain. 2005;7:75-83.
apesar de terem, muitas vezes, dor moderada a 12. American Pain Society Quality of Care Committee. Quality improve-
severa. Este dado é transversal e tem sido en- ment guidelines for the treatment of acute pain and cancer pain.
JAMA. 1995;274:1874-80.
contrado em diversas populações, o que vem 13. Daut RL, Cleeland CS, Flanery RC. Development of the Wisconsin
reforçar a ideia de que estas ferramentas de Brief Pain Questionnaire to assess pain in cancer and other dis-
avaliação podem não estar a medir aquilo que eases. Pain. 1983;17:197-210.
pensamos que elas efectivamente medem. São, 14. Ward SE, Goldberg N, Miller-McCauley V, et al. Patient-related bar-
riers to management of cancer pain. Pain. 1993;52:319-24.
por isso, necessários mais estudos que permi- 15. Gordon DB, Pellino TA, Miaskowski C, et al. A 10-year review of
tam compreender melhor a multifactorialidade quality improvement monitoring in pain management: recommenda-
desta experiência. tions for standardized outcome measures. Pain Management Nurs-
ing. 2002;3:116-30.
A literatura tem indicado que os pacientes po- 16. Oliver RL. A cognitive model of the antecedents and consequences
dem não conseguir separar a experiência de of satisfaction decisions. Journal of Marketing Research. 1980;17:
controlo da dor da globalidade dos aspectos 460-9.
inerentes à experiência de cuidado. O desenho 17. Dihle A, Helseth S, Kongsgaard UE, Paul SM, Miaskowski C. Using
the American Pain Society’s Patient Outcome Questionnaire to Eval-
de qualquer medida neste domínio deve incluir uate the Quality of Postoperative Pain Management in a Sample of
itens relacionados com as percepções do pa- Norwegian Patients. The Journal of Pain. 2006;7(4):272-80.
ciente acerca do processo de cuidado em asso- 18. Malouf J, Andión O, Torrubia R, Cañellas M, Baños J. A survey of
ciação com itens específicos sobre o controlo da perceptions with pain management in Spanish inpatients. Journal of
Pain and Symptom Management. 2006;32(4):361-71.
dor. A validação destas percepções deve ser tão 19. Williams B, Coyle J, Healy D. The meaning of patient satisfaction:
próxima do episódio de cuidados quanto possí- An explanation of high reported levels. Social Science & Medicine.
1998;47(9):1351-9.
vel. Para além da compreensão das significa- 20. Ward S, Gordon D. Application of the American Pain Society Qual-
ções do paciente em torno da dor aguda de ity Assurance Standards. Pain. 1994;56:299-306.
pós-operatório, as investigações futuras devem 21. Kuhn S, Cooke K, Collins M, Jones JM, Mucklow JC. Perceptions
permitir também que sejam desenvolvidos pro- of pain relief after surgery. British Medical Journal. 1990;300:1687-
90.
gramas educacionais dirigidos aos pacientes e 22. Donovan B. Patient attitudes to postoperative pain relief. Anaesthe-
aos profissionais de saúde. Só deste modo se sia and Intensive Care. 1983;11:125-9.
poderão evitar más práticas e lógicas de sofri- 23. Simonsen-Rehn N, Sarvimäki A, Benkö SS. Cancer patients’ experi-
mento silencioso desnecessárias. ences of care related to pain. Nordic Journal of Nursing Research
and Clinical Studies. 2002;20:4-9.
24. Dawson R, Spross JA, Jablonski ES, Hoyer DR, Sellers DE, Solomon
Bibliografia MZ. Probing the paradox of patients’ satisfaction with inadequate
pain management. Journal of Pain and Symptom Management
1. Carlson J, Youngblood R, Dalton JA, Blau W, Lindley C. Is patient 2002;23(3):211-20.
satisfaction a legitimate outcome of pain management? Journal of 25. Carr-Hill RA. The measurement of patient satisfaction. Journal of
Pain and Symptom Management. 2003;25(3):264-75. Public Health Medicine. 1992;14(3):236-49.
DOR
29