Page 35 Volume 17 - N.4 - 2009
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no grupo de controle . Nos casos de fracturas com balão, esta não foi conseguida nos doen-
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osteolíticas, o estudo de revisão de Bouza tes do grupo crónico. Quanto a complicações,
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revelou uma média de 10% de novas fracturas incluindo fuga de cimento, registaram-se sig-
durante um período de follow-up variável entre nificativamente menos no grupo subagudo
estudos. Neste tipo de complicação, concluiu-se em comparação com os dois outros grupos.
existir relação entre o tipo de tumor e risco de Colocam a hipótese do local da fractura estar
fractura, com maior ocorrência em doentes mais susceptível a fugas de cimento durante
com mieloma múltiplo (12,4%) do que em me- a fase aguda, existindo a partir da fase suba-
tástases (7,9%). guda processo de consolidação. Por outro
Outras complicações documentadas incluem lado, na fase crónica, este processo está em
aumento da dor, fracturas de arcos costais, fase avançada, o que protege contra risco de
tromboembolismo venoso por cimento, infecção, fuga, mas ao mesmo tempo limita muito a
hemorragia e morte. Também foram reportadas possibilidade de injectar cimento sob baixa
reacções adversas ao PMMA utilizado para in- pressão. Concluíram por isso que o período
jecção, nomeadamente cardiotoxicidade pela óptimo para realização de cifoplastia é na fase
porção livre polimérica, com consequentes arrit- subaguda (3 semanas até 2 meses após fractu-
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mias e instabilidade hemodinâmica . Outros ra) já que se obteve maior benefício clínico e
efeitos secundários durante ou após cifoplas- menores complicações.
tia incluem rotura dos balões, défices motores
por má trajectoria da punção do corpo verte- comparação cifoplastia versus vertebroplastia
bral e hemorragia epidural. A Food and Drug
Administration (FDA) no seu registo de compli- Fracturas osteoporóticas
cações declaradas apresentou 33 complica- A vertebroplastia envolve injecção percutâ-
ções major em 40.000-60.000 cifoplastia. Es- nea de cimento no corpo vertebral com o ob-
tes incluíam 1 caso de mortalidade, 5 casos de jectivo de aliviar a dor e prevenir maior colapso
défices motores permanentes, radiculopatia ou do corpo vertebral fracturado. A cifoplastia uti-
parestesia e 13 casos de violação do canal ra- liza balões insufláveis para criar uma cavidade
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quidiano ou compressão medular . Algumas para o cimento com o objectivo adicional de
destas complicações menos frequentes serão restaurar a altura do corpo vertebral e reduzir a
discutidas mais adiante. cifose .
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A literatura suporta em vários estudos a eficá-
cia da cifoplastia e vertebroplastia no controle
idade da fractura e cifoplastia da dor em fracturas osteoporóticas vertebrais,
O momento ideal para tratamento de fractu- mas mantém-se o debate de qual dos procedi-
ras vertebrais osteoporóticas tem sido objecto mentos é mais eficaz 4,25 . A meta-análise de Gill,
de estudo e debate desde o início destas téc- et al. de 2007 estudou a capacidade de con-
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nicas minimamente invasivas, encontrando-se trole da dor dos dois procedimentos. Engloba-
na literatura opiniões muito diferentes, e se uns ram 21 estudos, 14 de vertebroplastia e 7 de
preconizam que apenas terão benefício as frac- cifoplastia, e utilizaram a escala VAS. No total
turas tratadas até aos 6 meses, outros defen- obtiveram 1.046 vertebroplastias e 263 cifoplas-
dem que poderá ser ainda eficaz realizar cifo- tias. Verificaram redução de mais de cinco pon-
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plastias em fracturas com mais de 1 ano . Não tos na escala VAS (aproximadamente 50%) no
existe até esta data evidências claras sobre período pós-operatório imediato nos dois proce-
esta temática. Neste contexto, Oh, et al. pu- dimentos e que se manteve durante o período
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blicaram em 2010 estudo retrospectivo com de follow-up. Não se verificaram diferenças es-
99 doentes onde estudaram a eficácia da ci- tatisticamente significativas entre os dois proce-
foplastia relacionada com a idade da fractura dimentos. A estas conclusões chegaram tam-
tratada. Dividiram a série em três grupos, o bém Taylor, et al. na sua meta-análise de 2006 .
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primeiro com fracturas até 3 semanas de evo- Tentaram na sua revisão estudar factores de
lução (agudo), o segundo grupo incluiu fractu- prognóstico e preditivos de outcome. Concluí-
ras com 3 semanas a 2 meses (subagudo), e o ram não existirem nessa altura estudos compa-
terceiro fracturas com mais de 2 meses (cróni- rativos directos de boa qualidade, embora por
co). Utilizaram como medidas de eficácia clíni- comparação indirecta, ambos os procedimentos
ca a escala visual analogue scale (VAS) e Mac pareçam atingir níveis semelhantes de controle
Nab’s modificada. A avaliação radiológica foi da dor. A cifoplastia aparece melhor documen-
efectuada com base no restauro da altura ver- tada em relação aos ganhos funcionais e na
tebral e complicações relacionadas com o pro- qualidade de vida destes doentes 4,25 . Quanto à
cedimento verificadas nos vários grupos do taxa de complicações, a cifoplastia apresentou
estudo. Obtiveram significativa melhoria da dor significativa menor incidência de extravasa-
aos 7 dias após cifoplastia e melhoria funcional mento de cimento assintomático (8 vs 40%) e
DOR nos três grupos de doentes. Contudo, em rela- sintomático (0 vs 3%), embolia pulmonar e le-
são neurológica do que a vertebroplastia. Con-
ção ao restauro da altura do corpo vertebral,
34 teoricamente uma das vantagens da cifoplastia cluíram existir evidência de nível III da eficácia