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J. Brandão: Dor Nos Cuidados de Saúde Primários
Conceito e objectivos Quadro médico
Consulta de referência para os doentes cuja O coordenador e outros médicos de MGF
dor não se encontre suficientemente controlada com apetência para a prática da Medicina da
com as medidas instituídas nas consultas de Dor. De acordo com as necessidades e dis-
MGF. Promoverá a sua acção junto dos doentes ponibilidades locais, juntar-se-ão outros mé-
que lhe sejam referenciados, com vista à obtenção dicos, nomeadamente das especialidades de
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dos seguintes objectivos : Medicina Física e de Reabilitação e de Orto-
– Promover o alívio da dor. pedia.
– Melhorar a qualidade de vida do doente.
– Restaurar a capacidade funcional e social. Quadro de enfermagem
A escolha das patologias com que se propõe Disponibilização de tempo de enfermeiro.
lidar teve em conta a elevada prevalência como
motivos de dor e de sofrimento, com um peso
crescente devido ao progressivo envelhecimento Psicólogo
populacional. Por outro lado, tendo entre si um Disponibilização de tempo de psicólogo, exis-
conjunto largo de atitudes terapêuticas comuns, tente ou a contratar.
haverá uma menor dispersão de esforços e uma
maior sinergia das actividades a promover. No Nutricionista
entanto, não se considera impossível que venha Disponibilização de tempo de nutricionista,
a estender a sua acção a outras patologias, existente ou a contratar.
também muito prevalentes e de difícil controlo,
como sejam as cefaleias.
Avaliação
População-alvo Anualmente, será efectuada avaliação de resul-
Doentes portadores de patologia musculoes- tados do trabalho desenvolvido, pelo que serão
quelética crónica com dor não controlada. criados indicadores qualitativos e quantitativos
que o possibilitem.
Acesso dos doentes à consulta Bibliografia
Através de encaminhamento pelos MF.
1. ONSA, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. A Dor na
população portuguesa – alguns aspectos epidemiológicos [Inter-
Princípios gerais de funcionamento net]. 2002 [acesso em 14/4/2008]. Disponível em: http://www.onsa.
pt/conteu/proj_ecos_ecosdador_onsa.pdf
A organização e funcionamento da consulta 2. Castro Lopes J. Dor Crónica em Portugal. Estudo de Prevalência e
de dor obedecerão aos princípios gerais orien- Impacto Individual, Social e Económico. Estudo de Prevalência de
tadores deste tipo de serviços , presentemente Dor Crónica na População Portuguesa. Sumário de Resultados Fi-
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nais. Porto: Faculdade de Medicina do Porto; 2008.
apenas existentes a nível hospitalar. Desse 3. Pain in Europe Report [Internet]. [Acesso em 14/4/2008]. Disponível
modo, deverá ser garantido que: em: http://www.paineurope.com/files/PainInEuropeSurvey_2.pdf
– Haverá médicos e outros profissionais com 4. Jordão JG. A medicina geral e familiar: caracterização da prática
formação adequada e motivados para esta e sua influência no ensino pré-graduado [tese de doutoramento].
Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa;
actividade. 1995.
– Será nomeado um coordenador a quem 5. Turk D, Melzack R. Handbook of Pain Assessment. Nova Iorque:
a
competirá gerir a consulta. Guilford Press; 2001. (2. edição) Capítulo 31; p. 603-18.
– Serão estabelecidos protocolos de referen- 6. Sullivan MJL, Thorn B, Haytornthwaite JA, et al. Theoretical Perspec-
tives on the Relation Between Catastrophizing and Pain. The Clinical
ciação hospitalar para especialidades úteis Journal of Pain. 2001;17(1):52-64.
à maior eficácia terapêutica a promover, no- 7. Santos MI. O doente com patologia múltipla em medicina geral e
meadamente para as Unidades de Dor. familiar: Comorbilidade de 4 doenças crónicas [tese de doutora-
mento]. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa; 2005.
– O acesso à consulta será protocolado. 8. Bertakis KD, Azari R, Callahan EJ. Patient Pain: It’s Influence on
– Haverá um plano de acção anual, com ava- Primary care Physician-Patient Interaction. Fam Med. 2003;35(2):
119-23.
liação contínua de qualidade. 9. Helman CG. Dor e Cultura. Cultura, Saúde e Doença. 2. ed. Por-
a
– Promover-se-á a fluidez de comunicação to Alegre: Artes Médicas; 1994. Capítulo 7: Cultura, Saúde e Do-
com os médicos que encaminharem os ença.
seus doentes para a consulta. 10. Fordyce WE (1976), citado em: Turk D, Melzack R. Handbook of
a
– Será estabelecido um sistema próprio de Pain Assessment. 2. ed. Nova Iorque: Guilford Press; 2001. Capí-
tulo 18; p. 346-7.
registo clínico. 11. Paulino M. Aspectos psicológicos da Dor. Revista do Interno.
– Fomentar-se-ão programas de investigação, 2002/3/4;13-15:45.
nomeadamente para avaliação da eficácia 12. Wall e Melzack, 1982, citado em: Almeida A, Leite-Almeida H. Como
é que as emoções controlam a dor? Ser Saúde. 2006;1:64-78.
e segurança dos tratamentos analgésicos 13. Amit Z e Galina ZH, 1986; Terman e Bonica, 2001, citados em:
instituídos. Pertovaara A, Almeida A. Endogenous Pain Modulation – Descen-
ding Inhibitory Systems. Em: Cervero F, Jensen TS, eds. Pain: hand-
a
book of Clinical Neurology. Vol. 81 (3. série). Elsevier; 2006. p.
Coordenador 179-92.
Médico da especialidade de MGF com habili- 14. Apkarian AV, Bushnell MC, Treede RD, Zubieta JK. Human brain DOR
mechanisms of pain perception and regulation in health and disease.
tação pós-graduada no tratamento da dor. Eur J Pain. 2005;9:463-84. 9