Page 23 Volume 18 - N.3 - 2010
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Os grupos farmacológicos mais referenciados de efedrina (a sinefrina tem estrutura idêntica à
são os metabolizados pelo sistema enzimático efedrina), cuja comercialização não é permitida em
do CYP450: antiarrítmicos (amiodarona, quinidi- muitos países .
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na, disopiramida), estatinas (lovastatina – isolada O consumo de sinefrina pode condicionar
por investigadores do Laboratório Merck a partir efeitos fisiológicos adversos de diversa natureza:
do Aspergillus terrens – e simvastatina – fármaco arritmias cardíacas, hipertensão arterial, tonturas,
sintético obtido a partir da fermentação do As- cefaleias, anorexia, transpiração, rubor e altera-
pergillus terrens), bloqueadores dos canais de ções no comportamento.
cálcio (nifedipina, nimodipina, nicardipina), ben- Os frutos desta planta contêm diidroxiberga-
zodiazepinas (diazepam, midazolam, alprazo- motina e bergaptenos, os quais se revelaram
lam, triazolam), imunossupressores (ciclosporina, inibidores do sistema enzimático do CYP450.
tacrolímus, vincristina), opiáceos (codeína, fenta- Esta actividade farmacológica implica o aumento
nilo, metadona), antibióticos (eritromicina), inibi- da biodisponibilidade de um variado conjunto de
dores da protease (saquinavir), anti-histamínicos, fármacos metabolizados por este sistema enzi-
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e muitos outros (sildenafil [Viagra ], carbamaze- mático.
pina, ondansetrom, estrogénios, progesterona, O consumo regular de extractos desta planta
lidocaína, amiodarona, timoxifen, etc.) 39,40 . deve ser interrompido antes de qualquer acto
É recomendado que não seja ingerida toranja, anestésico ou cirúrgico.
sob qualquer forma, duas horas antes ou depois
da ingestão de qualquer fármaco, nomeada-
mente aqueles que comprovadamente são alte- Mangostanzeiro ou Garcinia mangostana
rados na sua biodisponibilidade e, portanto, no É uma planta arbórea da família das Clusia-
efeito terapêutico. As interacções entre toranja e ceae, a qual engloba cerca de 50 géneros e
os fármacos podem (segundo alguns autores) 1.000 espécies. Trata-se de uma árvore cuja
demorar várias horas após ingestão de sumos maturidade se situa entre os 7 e os 10 anos,
ou de fruta fresca. podendo atingir 25 metros de altura e produzir
Em 1998, David Bailey, et al. afirmavam no muitas dezenas de frutos. O fruto, o mangostão,
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Medical Tribune: «Por exemplo: tomar um com- tem a dimensão de uma pequena laranja de cor
primido de lovastatina com um copo de toranja castanha ou púrpura, com casca espessa, no
é o mesmo que tomar 12 a 15 comprimidos com interior da qual se encontra a polpa comestível
um copo de água. Esta interacção é muito impor- composta por quatro a oito gomos. A designa-
tante e a lista continua a crescer!». Richard Kim, ção científica foi-lhe atribuída em homenagem
farmacologista da Universidade de Vanderbilt, ao padre e médico francês Laurentiers Garcin,
escreve que «o consumo de sumo de toranja é por ter sido o primeiro a referenciar o fruto e as
um assunto relevante, especialmente nos ido- suas propriedades medicinais.
sos, porque estão a tomar um conjunto de me- O mangostão é considerado o «fruto nacional
dicamentos que podem ser afectados» e reco- da Tailândia» e designado por «fruta dos deu-
menda que «o mais fácil é, nestas circunstâncias, ses» ou por «rainha das frutas», talvez em ho-
tomar os medicamentos com água e evitar com- menagem à Rainha Vitória, que como tal a con-
pletamente o sumo!». siderava.
Diversas situações clínicas graves (incluindo A utilização medicinal, tanto pela Medicina
morte) resultantes da hiperactividade farmacoló- Ayurvédica como pela Medicina Tradicional Chi-
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gica têm sido relatadas na literatura médica. nesa, perde-se na poeira dos tempos .
Foi utilizado como: analgésico, anti-inflamatório,
antibacteriano, antidiarreico, digestivo e para trata-
Laranja-amarga, laranja-azeda, mento de doenças urinárias, do escorbuto, etc. .
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laranja-de-Sevilha ou Citrus aurantium Muito rico em fitonutrientes, é consumido fre-
É uma árvore do género Citrius, muito frequen- quentemente sob a forma de sumo, preparado
te na região mediterrânica. com a totalidade do fruto, ainda que esteja co-
Em fitomedicina, os extractos dos frutos são mercializado sob outras formas.
utilizados como suplementos alimentares e, tam- A região entre a casca (pericarpo) e a polpa
bém, como moderadores do apetite e para re- (endocarpo) é rica em xantonas (mesocarpo).
dução da obesidade, digestivos, laxantes, anal- Na constituição química salientam-se: xantonas
gésicos, anti-inflamatórios, antiespasmódicos, (cerca de 43 isoladas neste fruto), pectina, ta-
sedativos, antidepressivos, hipotensores, diuré- nino (catecinas), fenóis, flavonóides, lactonas,
ticos, antigripais, etc. ácido hidroxicítrico, resina, vitaminas e sais mi-
A constituição química é complexa: ácido cítri- nerais. Possui elevadas concentrações de glico-
co, ácido ascórbico, vitaminas A e do grupo B, se e de potássio .
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sais minerais, saponinas, flavonóides, fitoesteróis, As xantonas (a e γ-mangostina, mangiferina,
pectinas, hidratos de carbono e aminas simpati- mangostim, mangostenol, mangostinona, etc.)
DOR comiméticas (sinefrina, octopamina). têm uma função anti-inflamatória, anticancerígena,
antioxidante, antiarterioesclerótica, antiviral, anti-
É utilizada como suplemento alimentar para redu-
22 ção da obesidade e como alternativa ao consumo diabética, anti-histamínica, desfatigante, inibidoras