Page 39 Volume 20 - N1 - 2012
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Dor (2012) 20

8
p = 0,002 p = 0,005
p = 0,020
7 p = 0,003
4,4 ± 1,7 2,7 ± 2,4 2,6 ± 2,8 4,4 ± 1,7 © Permanyer Portugal 2012
Intensidade da dor espontânea 5 2,2 ± 2,4 1,3 ± 1,7 2,1 ± 2,4
6



4
3

2

1

0
Inicial 1-4 dias 1 semana 4 semanas 12 semanas Pré-tratamento Fim do
seguimento

Figura 1. Evolução da intensidade da dor espontânea após aplicação única de capsaicina 8% tópica.




melhoria álgica clinicamente relevante (redução apresentarem às 12 semanas dor mais intensa
da intensidade da dor em pelo menos 30%), que a prévia à aplicação, um por não ter sido
mas dois doentes referiam dor mais intensa às alcançado o objetivo de completa suspensão da
12 semanas do que aquela prévia à aplicação terapêutica oral e outro pela má tolerabilidade à
de capsaicina 8%. Destaca-se ainda que se reação cutânea da aplicação da capsaicina,
verificou tendência para reagravamento da dor após tricotomia com lâmina). Os restantes seis
entre as 4 e 12 semanas, muito embora sem doentes foram mantidos em tratamento com re-
atingir a significância estatística (p = 0,102). petição da aplicação tópica de capsaicina 8%.
Verificou-se igualmente redução da frequência
dos episódios dolorosos e da intensidade do pior Discussão
episódio de dor, mais pronunciada nas primeiras
quatro semanas do seguimento (Quadro 3). No O presente estudo prospetivo reflete a evolu- Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação.
que respeita à área de dor evocada, verificou-se ção clínica do primeiro grupo de doentes sub-
diminuição substancial durante as primeiras metidos a tratamento tópico com capsaicina 8%
quatro semanas após a aplicação de capsaicina na prática quotidiana de uma Unidade de Dor
8%, com reagravamento progressivo subsequen- Crónica, suportando nomeadamente a eficácia,
te. Por conseguinte, deixou de se verificar dife- tolerabilidade e segurança da sua utilização.
rença estatisticamente significativa entre a área Trata-se por conseguinte de um estudo inicial,
de dor evocada às 12 semanas ou no final do de uma população muito reduzida de doentes,
seguimento e aquela presente na avaliação ini- o que limita compreensivelmente a análise dos
cial (Quadro 2). resultados e impõe precaução na extrapolação
A melhoria do controlo da dor possibilitou re- das conclusões. A prossecução do estudo, atu-
dução substancial da necessidade de terapêu- almente em curso, será nesse sentido especial-
tica para dor neuropática que todos os doentes mente relevante, identificando os subgrupos de
mantinham em curso, e foi atingida a completa doentes que mais beneficiam desta terapêutica
suspensão da mesma em seis doentes (40%). e determinando a redução da dor neuropática e
Dos 15 doentes incluídos no estudo, dois da área de dor referida, a eventual regressão do
abandonaram o seguimento. Dos restantes 13, quadro álgico após aplicação única ou repetida
três doentes tiveram remissão completa das de capsaicina a 8%. Particularmente importante
queixas álgicas após uma única aplicação de seria definir um esquema de redução terapêuti-
capsaicina 8%, não tendo tido necessidade de ca para dor neuropática após a sua aplicação.
manutenção de qualquer terapêutica analgésica Em termos globais, foi verificada redução sig-
(mantendo-se sem queixas após cinco meses nificativa da intensidade das queixas álgicas e
de seguimento num caso e após mais de um ano o efeito benéfico manifestou-se consistentemen-
DOR nos outros dois). Dos 10 doentes em que persis- te na intensidade da dor espontânea, na frequên-
cia diária dos episódios dolorosos e na área de
tiu dor no final do seguimento, quatro recusaram
38 repetir a aplicação de capsaicina 8% (dois por dor evocada. A redução da intensidade da dor
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