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R. Morais, S.F. Bernardes: Perceções Sobre o Ambiente Físico e Sociofuncional de Uma Unidade de Dor Portuguesa
que não estão a ser contempladas neste instru- todos os aspetos relacionados com as relações
mento. humanas de trabalho entre os profissionais da
Em suma, de acordo com os resultados obti- unidade, e aspetos relacionados com a estrutura,
dos neste estudo, visamos refletir acerca das funcionamento e organização da unidade, bem
implicações dos mesmos para a investigação como da integração da mesma com outros(as)
futura a realizar -se na área da Psicologia Social serviços/unidades». Seguidamente, em três ques-
do Ambiente e para a intervenção a realizar -se tões eram avaliados de forma semelhante à © Permanyer Portugal 2012
nos serviços hospitalares, em geral, e nos servi- efetuada para a dimensão anterior os aspetos
ços especializados para o tratamento e controlo face às condições sociofuncionais da Unidade
da dor, em particular. de Dor. Por exemplo, era solicitado aos partici-
pantes: «liste por ordem crescente de importân-
Método cia até cinco atributos referentes às condições
sociais/funcionais que pense serem os mais po-
Participantes sitivos».
Participaram neste estudo 20 utilizadores de
uma unidade de dor, 15 utentes e cinco profis- Técnica de análise de dados
sionais de saúde, sendo que a maioria (95%) A análise dos dados foi feita através de uma
eram mulheres. análise de conteúdo. A análise de conteúdo é
Foram selecionados para o estudo todos os uma técnica que permite realizar inferências
utentes que frequentavam pelo menos pela se- pela identificação sistemática, objetiva e quanti-
gunda vez a Unidade de Dor. tativa das características específicas de uma
mensagem 14,15 . O método de análise utilizado
Instrumento para recolha de dados consistiu num procedimento fechado visto já se
Com o objetivo de compreender quais os as- encontrarem definidas categorias a priori 14,15
para avaliar as condições físicas (Quadro 1) –
petos do ambiente físico mais e menos valoriza- tais como estrutura física, configuração, ampli-
dos pelos utilizadores da Unidade de Dor, tude, comodidade, ergonomia, climatização e
procedeu -se à construção de um questionário qualidade do ar, iluminação e acústica – bem
constituído por perguntas de ordem fixa com como os seguintes (Quadro 3): relações huma-
resposta aberta. Na introdução do questionário nas de trabalho entre os profissionais de saúde,
era referido o objetivo do estudo aos participan- relações humanas de trabalho entre os profissio-
tes: «O presente instrumento insere -se num es- nais de saúde e utentes, estrutura da Unidade
tudo desenvolvido com o objetivo de analisar as de Dor, funcionamento da Unidade de Dor, or-
perceções dos profissionais de saúde e dos ganização da Unidade de Dor e integração com
utentes sobre as condições físicas e sociofun- outros serviços/unidades para avaliar as condi-
cionais da Unidade de Dor». Na sua globalida- ções sociofuncionais. Tais categorias foram de-
de, o questionário era composto por seis ques- finidas e introduzidas no estudo com base no
tões que permitiam avaliar as perceções dos PHEQI , bem como nos estudos realizados so- Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação.
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participantes do ambiente físico e sociofuncional bre o ambiente hospitalar. O processo utilizado
da Unidade de Dor, e nas quais se pedia aos para a análise de dados consistiu numa análise
mesmos que listassem tais aspetos por ordem temática, em que determinado excerto de texto
crescente de importância. Em primeira instância, ou unidade de análise (e.g. palavra, frase, ex-
era solicitado aos participantes: «Por favor, pen- certo) é associado a um determinado tema ou ca-
se nas condições físicas desta Unidade de Dor. tegoria (por exemplo, o excerto «disponibilização
Por condições físicas entenda -se todos os aspe- de objetos estéticos» foi associado ao tema se-
tos relacionados com o design do espaço no cundário «comodidade e estética» e ao tema
que respeita à sua estrutura, configuração, am- primário «ambiente físico») seguido de uma aná-
plitude, comodidade, ergonomia, climatização e lise de ocorrências, que pretende revelar a aten-
qualidade do ar, iluminação e acústica». Peran- ção dos participantes para os diferentes aspetos
te isto, eram colocadas três questões que per- referenciados, e uma análise avaliativa que evi-
mitiam avaliar os aspetos face às condições fí- dencia a valência (positiva, negativa ou desejá-
sicas da Unidade de Dor que os utilizadores vel) dos aspetos referenciados por tema ou
considerassem mais positivos, mais negativos e categoria . Importa mencionar que no decorrer
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também os que considerassem que uma Unida- deste processo foi denominada uma outra cate-
de de Dor ideal devia ter, respetivamente. Por goria de análise, normalização do ambiente físi-
exemplo, era referido: «liste por ordem crescen- co, de acordo com as descrições realizadas
te de importância até cinco atributos referentes pelos utentes e frequência das mesmas.
às condições físicas que uma Unidade de Dor
ideal deveria ter».
De seguida, era referenciado o ambiente socio- Critério de rigor no processo de análise
funcional: «Agora pedimos -lhe que pense nas con- De forma a garantir a qualidade e rigor nos DOR
dições sociais/funcionais desta Unidade de Dor. dados e resultados seguidamente apresenta-
Por condições sociais/funcionais englobam -se dos, foi calculado o grau de acordo interjuízes 41
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