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procederemos à descrição dos resultados rela- do serviço, isto é, aspetos associados à estrutu-
tivos às perceções do ambiente sociofuncional. ra física da Unidade de Dor e elementos físicos
que a constituem nomeadamente, pavimentos,
Avaliação do ambiente físico hospitalar tetos, paredes, janelas e os seus materiais.
As definições efectuadas das categorias prin- No que respeita aos aspetos mencionados
cipais (Quadro 1) face ao ambiente físico, foram pelos utentes como positivos, a comodidade e
definidas de acordo com as dimensões concep- estética (e.g. «as cadeiras da sala de espera © Permanyer Portugal 2012
tuais já contempladas no PHEQI 12,13 e com base são confortáveis e almofadadas») parece ser um
na revisão de literatura realizada sobre o impacto dos aspetos do ambiente físico mais frequente-
do ambiente hospitalar e dimensões associadas. mente citado como positivo. Contudo, outros as-
De acordo com as avaliações realizadas pelos petos relativos à amplitude (e.g. «a amplitude da
profissionais de saúde (Quadro 2) no que res- sala de espera»), climatização e qualidade do ar
peita ao ambiente físico, foram citados como (e.g. «qualidade do ar»), iluminação (e.g. «sem-
aspetos desejáveis de ter numa Unidade de Dor, pre iluminado») e acústica (e.g. «pouco barulho
questões relacionadas com a mplitude (e.g. numa sala onde estão muitas pessoas [sala de
mais espaço), seguindo -se a comodidade e es- espera])» também são frequentemente mencio-
tética (e.g. disponibilização de objetos estéti- nados como positivos. Quando observamos a
cos), mas também questões associadas à con- avaliação realizada face aos aspetos do ambien-
figuração da unidade e estrutura física do te físico que estes consideram mais negativos,
serviço. observamos que são questões relacionadas com
No que concerne à avaliação dos aspetos po- a acústica (e.g. «ruído muito intenso na sala de
sitivos relativos às condições físicas da Unidade espera») e com a climatização e qualidade do
de Dor, foram citadas questões relacionadas ar (e.g. «muito frio de inverno» e «no verão está
principalmente com a configuração* da Unidade sempre muito calor») mas também, com menor
de Dor (e.g. proximidade com dois serviços clí- frequência, com a amplitude do espaço (e.g. «o
nicos que interferem diariamente com a Unidade espaço é reduzido nas salas de consulta») que
de Dor), mas também com a climatização e qua- são citadas, mais comummente, como aspetos
lidade do ar. Quando observamos a avaliação negativos.
realizada pelos profissionais de saúde face aos Em suma, na perspetiva dos utentes, uma Uni-
aspetos do ambiente físico que consideram mais dade de Dor ideal no que respeita ao seu am-
negativos, apercebemo -nos que a amplitude biente físico deve pautar -se, principalmente, por
(e.g. espaço reduzido) do espaço é apontada características como climatização e qualidade
como um dos aspetos mais negativos, mas a do ar, bem como comodidade e estética, sendo
maioria das restantes categorias – isto é, confi- que questões relacionadas com a climatização e
guração, ergonomia, climatização e qualidade qualidade do ar são mencionadas quer como um
do ar, acústica e estrutura física do serviço – que aspeto positivo quer como um aspeto negativo.
representam diferentes aspetos do ambiente fí- Já as questões associadas à comodidade e es- Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação.
sico são, igualmente, mencionadas com alguma tética são mencionadas, essencialmente, como
frequência. um aspeto positivo.
Em suma, na perspetiva dos profissionais de Foi denominada a categoria «normalização do
saúde, uma Unidade de Dor ideal no que res- ambiente físico» de acordo com as descrições
peita ao seu ambiente físico deve pautar -se, realizadas pelos utentes, bem como a frequên-
principalmente, por características como ampli- cia com que aparecia nos seus discursos. Várias
tude mas também comodidade e estética, sen- palavras e excertos foram utilizados para «norma-
do que são, principalmente, questões relacio- lizar» as condições físicas entre as quais tais con-
nadas com a amplitude do espaço que são dições eram designadas como boas, positivas,
apontadas como negativas na Unidade de Dor. normais e razoáveis (e.g. «de uma maneira geral
Quando é solicitado aos utentes para mencio- está tudo bem» e «não sou muito exigente»).
narem aspetos que uma Unidade de Dor deveria
ter (Quadro 2), são reforçados aspetos associa- Comparação das avaliações realizadas
dos à climatização e qualidade do ar (e.g. «Nes- face ao ambiente físico por profissionais
ta altura do ano (inverno) devia haver uma melhor de saúde e utentes
climatização») e relacionados com a comodidade
e estética (e.g. «cadeirões para pacientes mais Ao observarmos as avaliações realizadas por
debilitados»). Os resultados mostram ainda que profissionais de saúde e utentes face ao am-
os utentes quando se referem às condições físi- biente físico podemos constatar algumas seme-
cas de uma Unidade de Dor ideal não referem lhanças. Nomeadamente, ambos os utilizadores
nenhum aspeto relacionado com a estrutura física consideram que uma unidade de dor ideal deve
pautar -se por características como comodida-
de e estética, e consideram que um dos aspe-
DOR tos mais positivos na sua unidade de dor diz
respeito a questões relacionadas com a climati-
44 *Apenas são descritas as categorias que tiveram pelo zação e qualidade do ar. Contudo, a climatização
menos três unidades de análise associadas.