Page 18
P. 18
D. Xará, et al.: Neuroestimulação Medular – uma Opção Terapêutica no Tratamento da Dor Isquémica Periférica
tempo é implantado um EEM provisório para es- EEM e da profilaxia antibiótica, a infeção recidi-
timulação medular durante duas semanas. Se vante da loca do EEM, apesar da antibioterapia,
ocorrer redução da dor superior a 50% após a surgiu como uma complicação que motivou a
estimulação medular, é realizado o segundo remoção do EEM.
tempo cirúrgico para implantação do EEM defi-
nitivo. Nesta doente, portadora de um estado Conclusão
clínico protrombótico, optou-se por colocar o Dada a gravidade do quadro clínico em doen-
EEM definitivo num só tempo cirúrgico de forma te jovem sem alternativas terapêuticas, foi suge-
a evitar uma nova intervenção cirúrgica com ne- rida a colocação do EEM como último recurso
cessidade de reversão da hipocoagulação. terapêutico. A utilização deste meio terapêutico
Dada a necessidade de estimulação diária resultou na reversão completa da dor e da is-
contínua numa doente jovem, optou-se pelo EEM quemia, evitando desta forma a amputação.
®
Restore Sensor , apesar de ser mais dispendioso Apesar de não haver estudos que o comprovem,
do que os EEM convencionais. Este EEM ofere- a evolução favorável das lesões isquémicas desta
ce a possibilidade de recarga flexível em ambu- doente permite equacionar a hipótese de que a
latório pela própria doente, intervalos longos de estimulação elétrica medular, por um período de
recarga e ajustes de amplitude automática (ajus- tempo, tenha efeitos terapêuticos prolongados.
te automático do estímulo à mudança de posi-
ção do corpo e do nível de estimulação neces- Bibliografia
sária). Foi colocado um único elétrodo octapolar,
por permitir abranger uma maior área de estimu- 1. Hirsch AT, Haskal ZJ, Hertzer NR, et al. ACC/AHA 2005 Practice
Guidelines for the management of patients with peripheral arterial
lação medular, e na posição mediana, de forma disease (lower extremity, renal, mesenteric, and abdominal aortic):
a exercer o seu efeito em ambos os membros a collaborative report from the American Association for Vascular
inferiores. Surgery/Society for Vascular Surgery, Society for Cardiovascular
Estudos defendem a colocação do EEM pre- Angiography and Interventions, Society for Vascular Medicine and
Biology, Society of Interventional Radiology, and the ACC/AHA Task
ferencialmente no flanco esquerdo abdominal, Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Develop Guide-
na ausência de doença conhecida nessa região, lines for the Management of Patients With Peripheral Arterial Dis-
de forma a poder evitar locais potencialmente ease): endorsed by the American Association of Cardiovascular and
Pulmonary Rehabilitation; National Heart, Lung, and Blood Institute;
alvo de cirurgia (como apendicite aguda, cole- Society for Vascular Nursing; TransAtlantic Inter-Society Consensus;
cistite) ou de incómodo (ex: região glútea). and Vascular Disease Foundation. Circulation. 2006;113:463.
Assume particular relevo ter sido possível re- 2. Simpson K, Raphael J, Stannard C, et al. The British Pain Society´s.
Spinal cord stimulation for the management of pain: recomendations
tirar toda a medicação necessária para o con- for best clinical practice. April 2009.
trolo da dor, nomeadamente os opiódes, pou- 3. Kumar K, Toth C, Nath RK et al. Epidural spinal cord stimulation for
pando a doente aos seus efeitos laterais. treatment of chronic pain-some predictors of success. A 15-year
experience. SurgNeurol. 1998;50:110-21.
Em termos de análise de custo-benefício, a 4. Barolat G. Spinal cord stimulation for chronic pain management.
terapêutica de estimulação medular é mais eficaz Arch Med Res. 2000;31:258-62.
e menos dispendiosa que a reoperação. A reo- 5. Melzack R, Wall PD. Pain mechanisms: a new theory. Science.
1965;150:971-9.
9
peração está associada a resultados duvidosos , 6. Spinal cord stimulation for chronic pain of neuropathic or ischaemic
e os custos elevados da implantação do estimu- origin. National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) -
lador são amortizados em 15 meses após a ci- National Government Agency [Non-U.S.]. November 2011.
rurgia, tendo em vista a economia com interna- 7. Kay AD, McIntyre MD, Macrae WA et al. Spinal cord stimulation: a
long-term evaluation in patients with chronic pain. Brit J Neurosurg.
mentos hospitalares, cirurgias desnecessárias e 2001;15:335-41.
10
medicação . 8. Alo KM, Holsheimer J. New trends in neuromodulation for neuro-
Tal como noutros procedimentos cirúrgicos, a pathic pain. Neurosurgery. 2002;50:690-703.
implantação do EEM pode estar associada a com- 9. North RB, Kidd D, Shipley J, Taylor RS. Spinal cord stimulation
versus reoperation for failed back surgery syndrome: a cost-effec-
plicações. A maioria dos dispositivos são implan- tiveness and cost utility analysis based on a randomized, controlled
tados e mantêm-se isentos de complicações mas, trial. Neurosurgery. 2007:61;361-8.
quando ocorrem, as complicações mais comuns 10. Taylor RS, Taylor RJ, Van Buyten JP, Buchser E, North R, Bayliss S.
The cost effectiveness of spinal cord stimulation in the treatment of
são a infeção, a cefaleia pós punção da duramáter, pain.: a systematic review of the literature. J Pain Symptom Manage.
a hemorragia, as lesões neurológicas e a migra- 2004:27;370-8.
11
ção/rotura dos elétrodos . Neste caso, apesar 11. Mekhail NA, Aeschhbach A, Stanton-hicks M. The cost benefit
analysis of neurostimulation for chronic pain. Clin J Pain. 2004;20:
dos cuidados de assepsia para implantação do 462-8.
DOR
17