Page 19
P. 19



Dor (2014) 22
Dor (2014) 22
Sistema Infusor Intratecal Implantável


de Morfina no Tratamento de Dor

Oncológica Intratatavel: Qual é o Limite?



Ana Sofia Cruz , Cristiana Pinho , Carlos Moreno , Daniela Xará ,
1
1
1
1
Paula Barbosa 1,2 e Armanda Gomes 1,2



Resumo
Catorze porcento dos doentes com cancro desenvolvem dor intratável, mesmo quando é instuída a tera-
pêutica adequada . Os analgésicos intratecais atuam diretamente nas vias de transmissão da dor na
1
2
medula espinal , melhorando o controlo álgico com doses reduzidas. A utilização de sistemas infusores
intratecais implantáveis (SIII) deve ser considerada quando a expectativa de vida do doente ultrapassa
3,4
os três meses .
Relata-se o caso de um homem de 51 anos, com tumor maligno das baínhas nervosas intra e extracanalar
de L4 à esquerda, com componente intra e extradural do corpo vertebral de L5, já parcialmente removido.
Foi referenciado à unidade de dor crónica com lombalgia e dor neuropática nos membros inferiores. Foi
instituída terapêutica analgésica de acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), tendo
sido associados fármacos para o tratamento de dor neuropática. Em janeiro de 2013, o doente foi hospitali-
zado com dor não controlada. Após a realização de ressonância magnética (RMN), foi colocado um cateter
epidural em L2-L3, atingindo-se alívio significativo da dor com perfusão de ropivacaína e morfina (VAS 1-2).
Foi colocado um sistema de infusão implantável através de um cateter intratecal, colocado a nível de L2-L3,
com ponta introduzida até D10 sob controlo radiológico. O sistema infusor foi preenchido com morfina e
programado. À medida que o controlo da dor foi alcançado com doses crescentes de morfina intratecal, a
perfusão endovenosa foi sendo reduzida até à sua suspensão. À data da alta hospitalar, o doente estava
medicado com 14 mg de morfina/dia por via intratecal. Esta dose foi consecutivamente elevada em consultas
subsequentes de modo a otimizar o controlo da dor. Seis meses após a alta, a dose de morfina intratecal
era de 18,6 mg/dia.
A administração de fármacos intratecais pode ter indicação em doentes com dor oncológica refratária,
especialmente naqueles com componente significativo de dor neuropática, quando a analgesia oral ou
2
sistémica tem efeito insuficiente ou efeitos laterais inaceitáveis . A dose de morfina intratecal diária
3
recomendada (15 mg) foi ultrapassada, mas nunca foram registados efeitos laterais ou hiperalgesia.
Palavras-chave: Dor crónica. Dor oncológica intratável. Sistema infusor intratecal. Morfina intratecal.


Abstract
Fourteen per cent of cancer patients develop intractable pain, even when treated appropriately. Intrathecal
analgesics directly target pain transmission pathways in spinal cord, enhancing pain control with reduced
dosages. The use of implantable intrathecal drug delivery systems (IDDS) should be considered when the
patient’s life expectancy exceeds three months.
We report the case of a 51-year-old man with malignant nerve sheaths tumor with intra- and extracanalar
component of L4 and intra- and extradural component of L5 vertebral body, already partially removed.
The patient was referenced to the chronic pain unit, presenting lower back pain and neuropathic pain in the
legs. Analgesic therapy was performed in accordance with the standards of the World Health Organization
(WHO), and drugs for the treatment of neuropathic pain were associated. In January 2013, the patient was





1 Serviço de Anestesiologia
Unidade Dor Crónica
DOR 2 Centro Hospitalar São João
18 Porto, Portugal
Email: m.armandagomes@gmail.com
   14   15   16   17   18   19   20   21   22   23   24