Page 36 Opióides
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outro lado, as veias rectais superiores drenam para o sistema porta,
sofrendo portanto a eliminação hepática. Como existe grande variabi-
lidade individual em relação ao sistema de drenagem predominante, as
doses a administrar têm que ser individualizadas e tituladas. Também
uma mucosa rectal muito seca, a defecação e a obstipação são factores
que podem afectar a biodisponibilidade dos opióides 37,63,64 . Está desacon-
selhada em doentes com patologia rectal (ex.: fissuras, hemorróidas,
etc.), gastroenterite, doentes neutropénicos ou trombocitopénicos.

O supositório é o veículo habitual de administração por via rectal,
embora qualquer comprimido para administração oral possa ser admi-
nistrado por via rectal. A dose a administrar de opióides por via rectal
é inicialmente idêntica à por via oral, sendo posteriormente titulada até
se obter o efeito analgésico desejado.



Via subaracnoideia/epidural

A esmagadora maioria dos doentes com dor crónica podem ser adequa-
damente controlados sob o ponto de vista álgico, mediante a adminis-
tração de opióides pelas vias anteriormente descritas. No entanto, uma
pequena minoria poderá necessitar da administração de opióides por
estas vias, quer por necessidade de controlar a dor, quer por não tolerar
os efeitos secundários aquando da administração de opióides pelas vias
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anteriormente descritas .
Também na dor aguda, nomeadamente no controlo da dor no pós-
operatório imediato, a via epidural tem uma indicação formal em algumas
cirurgias (ex.: esofagectomia, toracotomia, amputação abdomino-perito-
neal, etc.), uma vez que produz uma analgesia extremamente eficaz.

O principal objectivo da administração de opióides por via peries-
pinhal é a colocação de uma pequena dose de opióide/anestésico
local próximo dos receptores opióides espinhais (sobretudo recepto-
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res κ, em menor número µ e δ ), localizados no corno dorsal da
medula, reduzindo desta forma a dose de fármaco necessária para
produzir analgesia e diminuindo também os efeitos secundários in-
desejáveis . A utilização desta técnica implica a manutenção no es-
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paço epidural ou subaracnoideu de um catéter colocado após punção
do respectivo espaço .
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As contra-indicações mais frequentes para a utilização destas vias
são as seguintes: não colaboração do doente, perturbações psiquiátri-
cas, doente portador de toxicodependência, coagulopatias, infecções
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no local de colocação do catéter ou sépsis .

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