Page 184 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos
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Da perspectiva dos pacientes, as barreiras disponível, deve ser usada como medicação de
comuns são: primeira linha. A gabapentina é um químico análogo
 Falta de informações satisfatórias sobre ao ácido γ-aminobutírico (GABA) que não age
a dor e os medicamentos usados (por como agonista do recetor GABA, mas se liga à
ex., antidepressivo foi prescrito, ou subunidade α -δ do canal de cálcio voltagem-
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nenhuma informação foi prestada sobre dependente na medula espinhal. A ligação desses
a razão para o uso de opióides). recetores inibe a liberação de neurotransmissores
 Medo ou experiência prévia com efeitos excitatórios. A gabapentina é administrada duas a
colaterais (por ex., dependência, boca quatro vezes ao dia. A dose inicial é 3 x 100 mg e a
seca, disfunção erétil e sonolência). dose máxima é cerca de 2.400 mg/dia. Devido aos
 Não foi oferecido nenhum tratamento efeitos colaterais comuns do medicamento, como
para os efeitos colaterais. sonolência e sedação, é necessária uma titulação
lenta.
 Os medicamentos costumam não estar
disponíveis em ambientes rurais, ou os
medicamentos prescritos pelo centro Antidepressivos
médico são caros demais. Entre os antidepressivos, os antidepressivos
tricíclicos (ADTs), como a amitriptilina, são os mais
Quais são as estratégias frequentemente usados na dor neuropática. Os
ADTs foram extensamente estudados em pacientes
para tratar plexopatia com dor não oncológica. Melhoram as vias

inibitórias endógenas por inibir a recaptação pré-
dolorosa? sináptica de serotonina e noradrenalina nas vias da
dor espinhal. Os ADTs também têm efeitos

Em primeiro lugar, deve-se considerar estratégias de agonistas nos receptores histamínicos e
redução tumoral, como quimioterapia ou muscarínicos, que contribuem para efeitos colaterais
radioterapia, para reduzir ou minimizar o impacto como sedação e boca seca. Além disso, pode haver
direto do tumor no plexo. No entanto, se isso não ligação com canais de sódio e inibição de canais de
for possível, pode-se iniciar estratégias cálcio voltagem-dependentes. Devido a seus efeitos
farmacológicas paliativas. Os tratamentos paliativos sedativos, a amitriptilina deve ser administrada à
envolvem várias opções farmacológicas e não noite e deve ser titulada lentamente. Especialmente
farmacológicas. para pacientes mais idosos, a dose inicial não deve
exceder 25 mg. A dose máxima para dor oncológica
Anticonvulsivantes é aproximadamente 75-100 mg/dia. Pode haver
Esses medicamentos são usados principalmente contraindicações resultantes de doenças cardíacas
para tratar neuralgia do trigêmeo, mas estudos pré-existentes como arritmia e defeitos de
recentes dão evidência de eficácia para várias condução. Antidepressivos secundários, como
condições de dor neuropática. A carbamazepina age nortriptilina e desipramina são tão eficazes quanto
pelo bloqueio dos canais de sódio voltagem- os ADTs e costumam ser mais bem tolerados
dependentes. A dose inicial é 100 mg duas vezes ao devido a menos efeitos colaterais. Os inibidores
dia até o máximo de 1.200-1.600 mg/dia. Efeitos seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como
colaterais, como sedação, são comuns, a fluoxetina, são mais bem tolerados, mas são
principalmente quando a dose inicial é alta demais também menos eficazes no alívio da dor
ou a titulação é muito rápida. Hoje em dia, seu uso neuropática. Novos antidepressivos com
para a dor oncológica é limitado devido a riscos mecanismo de ação misto, como venlafaxina,
potenciais como supressão de medula óssea, paroxetina ou duloxetina, parecem ser eficazes, mas
leucopenia, hiponatremia e interação com o para o tratamento da dor oncológica as evidências
metabolismo hepático e portanto interação de são poucas e não estão disponíveis em vários países.
múltiplos medicamentos. A gabapentina, se





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