Page 410 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos

SDRC mas não é pré-requisito para seu diagnóstico.
Diagnóstico e tratamento são difíceis e devem ser
entregues a um especialista. SDRC avançada pode
deixar o paciente com uma extremidade
permanentemente inutilizável.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
São várias as razões para o desenvolvimento de
TEPT. A pesquisa já examinou uma série de
categorias – vitimização criminal, abuso de parceiro,
vitimização sexual, abuso na infância, trauma
político, desastres ou ameaça à vida. A prevalência
de TEPT em pacientes álgicos varia de 0,5% a 9%
em comparação com pessoas sem dor onde ele varia
de quase 0,5% a 3%. Uma experiência extrema de
dor durante o trauma aumenta a probabilidade de
desenvolver sintomas de TEPT. Os sintomas de
TEPT são intrusões (lembranças involuntárias e
estressantes), pesadelos e flashbacks. No nível
cognitivo e emocional, o que domina é evitar
pensamentos e sentimentos, junto com amnésia
(parcial), escopo emocional limitado, redução dos
níveis de interesse, e alienação. As reações
psicológicas são dificuldade de pegar no sono ou
sono perturbado, aumento da irritabilidade,
incapacidade de concentração, hipervigilância e
reações exageradas de choque. A dor crônica
também pode ocorrer após o trauma em conexão
com as lesões, ou mais tarde, principalmente no
caso de cefaleias.
Transtornos somatoformes
Os transtornos somatoformes são um grupo de
transtornos psiquiátricos que causam sintomas
físicos inexplicáveis (transtorno somatoforme,
hipocondríase, distúrbios de dor, transtornos de
conversão). A fisiopatologia dessas queixas ainda
não está clara. Um sintoma comum desse transtorno
é que os sintomas físicos não podem ser totalmente
explicados como um processo fisiológico. Os
transtornos somáticos podem ser acompanhados de
doenças físicas definidas, mas não podem ser
explicados adequadamente por essas doenças.
Pacientes que têm dor sem uma causa orgânica são
em geral incapazes de enfrentar estresse emocional;
isso é transformado em fatores de estresse físico.
Esses fatores difusos de estresse já não podem ser
entendidos como a expressão física de um conflito
intrapsíquico, mas são fatores de estresse
inespecíficos e vegetativos (por ex., com agitação,
tremores e dor) como resultado da pressão
emocional sentida principalmente fisicamente.
Podem resultar vários transtornos físicos. O
tratamento médico padrão costuma ser limitado.
Esses transtornos devem ser considerados logo no
início da avaliação dos pacientes com sintomas
inexplicáveis para evitar intervenções e exames
desnecessários. A identificação de um evento da
vida que seja importante o suficiente para ser
considerado a causa desse transtorno pode ser útil
para “solucionar” o estresse desse evento da vida
com intervenções comportamentais.
Consequentemente, a dor somatoforme pode
diminuir ao longo do tempo.
Dor
A Associação Internacional para o Estudo da Dor
(IASP) define a dor como “uma experiência
sensitiva e emocional desagradável associada a dano
tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de
tal dano”. Essa definição ampla reconhece que a dor
é mais do que uma sensação subsequente à ativação
elétrica de nociceptores (nocicepção). Ela inclui
respostas cognitivas, emocionais e comportamentais
que também são influenciadas por fatores
psicológicos e sociais. A dor é sempre subjetiva.
Cada pessoa aprende a usar a palavra através de
experiências relacionadas a lesões no início da vida.
Os biólogos reconhecem que os estímulos que
causam dor podem danificar os tecidos. Assim a dor
é a experiência que associamos a dano tecidual real
ou potencial. A sensação em parte ou partes do
corpo é inquestionável, mas é também sempre
desagradável e portanto uma experiência emocional.
Experiências que parecem dor mas não são
desagradáveis, como por exemplo picada de agulha,
não devem ser chamadas de dor. Experiências
anormais desagradáveis (disestesias) também podem
ser dor, mas não necessariamente porque,
subjetivamente, podem não ter as qualidades
sensitivas comuns da dor.
Muitas pessoas se queixam de dor na ausência de
dano tecidual ou de qualquer causa fisiopatológica
provável; em geral, isso acontece por razões
psicológicas. Em geral, não há forma de distinguir
essa experiência daquela causada por dano tecidual