Page 25 Volume 11, Número 1, 2003
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todavia mesmo isoladamente (agarrando a mão, •Planear os cuidados por forma a manipular/in-
acariciando, etc.) são eficazes. Tovar e Cass- comodar a criança o menor número de vezes
meyerem mostraram que o toque produz altera- possível.
ções ao nível do hipotálamo, dando origem a um • Agrupar os actos ou terapêuticas dolorosas e
efeito relaxante . Este efeito pode também ser providenciar que sejam feitas com analgesia.
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explicado, pela confiança que se estabelece •Medir e avaliar continuamente a dor como se de
entre o prestador de cuidados e a criança . um sinal vital se tratasse.
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• Acupressão – Consiste na aplicação de uma Em resumo, diremos que o fenómeno dor se apre-
ligeira pressão por cima dos pontos de acu- senta em pediatria com particularidades que indu-
punctura localizados no meridiano . Esta técni- zem os enfermeiros menos atentos a uma situação
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ca encerra a porta pela estimulação das fibras de fuga e indiferença perante o sofrimento da crian-
de grande diâmetro dos aferentes primários, ça, pela sua aparente incapacidade de intervir ade-
produzindo uma acção relaxante . quadamente. Não raras vezes centram a sua aten-
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• Reflexologia – Segundo Evans, consiste na ção na terapêutica farmacológica, esquecendo-se
massagem dos pés utilizando os pontos de acu- de cuidar da criança com dor, para tratar a dor.
pressaão . A adopção de modelos de enfermagem consentâ-
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• Acupunctura – Consiste na inserção de agu- neos com o paradigma da simultaneidade permitem
lhas em locais definidos. Estas podem ser roda- aos enfermeiros elevar a sua competência para a
das ou se faz passar corrente eléctrica entre prevenção e alívio da dor. A criança é vista como
elas. Ao estimularem as fibras de grande diâme- uma pessoa, livre de escolher o seu caminho em
tro dos aferentes primários, reduzem a dor . busca da sua própria qualidade de vida, onde o en-
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• Estimulação eléctrica por via transcutâ- fermeiro intervém numa atitude de parceria e acom-
nea – Consiste numa fonte de energia eléctrica panhamento. Esta partilha nos cuidados a prestar à
que, através de dois ou quatro eléctrodos, trans- criança com dor e sua família irá contribuir para um
mite estímulos eléctricos à pele, na área da lesão planeamento efectivo dos cuidados desejados e o
ou dor ao longo do trajecto do nervo . A sua ac- uso criterioso das terapêuticas farmacológicas e não
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ção é semelhante à acupunctura, e é igualmente farmacológicas de acordo com cada situação em
explicado o seu modo de acção pela teoria por- particular.
ta. É indicada em situações de dores muscula- Embora se devam respeitar os princípios científi-
res e rigidez, queimaduras, metástases ósseas, cos aliados aos procedimentos técnicos farmacoló-
infusões endovenosas dolorosas e dor incisional gicos e não farmacológicos, não há formas iguais
no pós-operatório. Esta técnica tem a vantagem para cuidar da criança com dor e sua família.
de ser mais fácil de realizar.
Muitas outras técnicas se podem usar no alívio da PARTE II: INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA
dor: o riso, estimulação contralateral, banhos com
unguento, reforço positivo, imaginação emotiva, de- Capítulo III – Metodologia
monstração, etc. Todas actuam por via ascendente, Neste capítulo descrevem-se os procedimentos
descendente ou simultaneamente por ambas. O en- realizados e as justificações para as opções toma-
fermeiro tem o dever de as usar em benefício da cri- das, no sentido de darmos resposta à questão de
ança e família, desde as mais complexas às mais partida para esta investigação.
simples, tendo a noção de que a dor é um fenómeno O capítulo está estruturado em 7 pontos: tipo de
subjectivo e influenciado por múltiplos factores bio- investigação, população, pergunta de partida, ins-
lógicos, psicológicos, sociais e culturais. trumentos de recolha de dados, variáveis e sua ope-
Aliado às diferentes técnicas conhecidas para o racionalização, procedimentos utilizados para a re-
alívio da dor, o enfermeiro deve respeitar e fazer res- colha dos dados e tratamento estatístico.
peitar alguns princípios que garantam os direitos da
criança e sua família , tais como:
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• Negociar a presença dos pais ou pessoa signi- 1. Tipo de investigação
ficativa junto da criança com dor. Habitualmente, faz-se a distinção entre dois gran-
• Ensinar pais e criança para enfrentarem os pro- des métodos de colheita de informação científica: o
cedimentos dolorosos. método quantitativo e o qualitativo .
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• Garantir o conforto da criança, não permitindo Seleccionar um destes métodos depende em gran-
que tenha fome, durma mal, esteja mal posicio- de parte da natureza da pergunta de partida 28,29 . As-
nada, demasiado exposta, etc. sim, e segundo os autores, a pesquisa quantitativa
• Não efectuar ou permitir que se efectuem actos enfatiza o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os
dolorosos na cama (local de refúgio e conforto atributos mensuráveis da experiência humana, con-
da criança). trariamente à pesquisa qualitativa que salienta os as-
• Permitir a expressão de sentimentos e emoções. pectos dinâmicos, holísticos e individuais da experi-
• Ajudar a criança a participar no controlo da sua dor. ência humana, apreendendo tais aspectos na sua
• Permanecer junto da criança após um acto do- totalidade e no contexto daqueles que os vivenciam.
DOR • Oferecer um doce, chupeta, água com açúcar, lei- quantitativo, como é o caso presente, enquadra-se
loroso.
Em geral, a pesquisa que faz uso do método
24 te materno, colo antes e depois do acto doloroso. no paradigma positivista, onde se realça a regulari-