Page 29 Volume 11, Número 1, 2003
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Dor (2003) 11
principais com rotação ortogonal pelo método de Va- anos e um desvio padrão de 8,03 anos, sendo 91,6%
rimax. A validade desta análise foi verificada pelos do sexo feminino.
testes de Kaiser-Meyer-Olkin e de esfericidade de O tempo de exercício profissional variou de alguns
Bartlett. Para a avaliação das associações entre as meses a 32 anos, estando a maioria a trabalhar há
dimensões da escala e o seu total foi utilizado o co- 10 anos, com uma média de 12,09 anos e um desvio
eficiente correlação de Pearson. padrão de 10 anos.
A confiabilidade da escala foi assegurada em ter- A experiência em serviços de pediatria variou de
mos de coerência interna pelo coeficiente alfa de alguns meses a 28 anos. Embora a maioria estives-
Cronbach e a sua estabilidade temporal pelo coefi- se ao serviço à um ano, a média é de 9,94 anos e um
ciente correlação de Pearson. desvio em torno desse valor de 7,28 anos.
No tratamento estatístico dos dados foram utiliza- Trabalhavam em unidades de cuidados intensivos
das a estatística descritiva (frequências, medidas (UCI) 29 (11,6%) enfermeiros, 56 (22,4%) em serviços
de tendência central e de dispersão) e a estatística de urgência (SU), 60 (24%) em serviços de medicina
inferencial (Teste T Student, ANOVA, teste Post Hoc (SM), 15 (6%) em serviços de neuroortotraumatologia
de Bonferroni e correlação bivariada de Pearson). (SO) e bloco operatório, 26 (10,4%) em serviços de
Nesta análise utilizámos como valor de significân- cirurgia/queimados (SCQ), 24 (9,6%) em neonatolo-
cia p < 0,05. gia e 25 (10%) em consultas externas ou outros ser-
Em todos os casos foi testada a normalidade da viços (CEO).
distribuição pelo teste Kolmogorov-Smirnov ou Sha- Na carreira profissional 66% estavam no nível I e
piro-Wilk sempre que a amostra era inferior a 50, 34% no nível II.
para um nível de significância de 0,05. Dos 66% que possuíam uma especialidade, à
A escolha e execução dos testes respeitou as ins- 87,05% detinha a especialidade de enfermagem de
truções habitualmente indicadas no domínio das ci- saúde infantil e pediátrica.
ências psicológicas e sociais, para o tratamento es- Frequentaram acções de formação sobre dor,
tatístico dos resultados 28,29,118-127 . com duração superior a 20 h, 42% dos enfermeiros
e 78% afirmou ter já vivenciado situações pessoais
Capítulo IV – Apresentação e análise dos dados dolorosas que considerou significativas (Anexo IX).
Com este capítulo IV, pretende-se apresentar e Autoavaliação do conhecimento
analisar os dados obtidos, com recurso a tabelas,
quadros e gráficos, aos quais acrescem imediata- A maioria dos enfermeiros considera globalmente
mente antes da sua apresentação as informações ter conhecimentos suficientes sobre a dor pediátri-
pertinentes para a sua compreensão. ca. Consideram-se mais bem preparados nas ques-
Na apresentação dos dados optou-se pela utiliza- tões relativas ao desenvolvimento físico da criança
ção das frequências relativas percentuais para faci- (43,6%) e cerca de _ com conhecimentos insuficien-
litar a sua leitura e análise. tes quanto ao desenvolvimento neurológico, apareci-
Na análise procurou-se realçar os resultados de mento e efeito sistémico da dor na criança (Anexo X).
maior significado e os que se relacionam directa- O gráfico 1 evidencia claramente que os enfermei-
mente com os objectivos da investigação. ros se sentem mais bem preparados nas questões
A sua estrutura assenta em duas partes. A primei- relacionadas com o desenvolvimento físico da crian-
ra, de cariz descritivo, caracteriza a população em ça e com menos preparação relativamente aos co-
estudo, e analisa a autoavaliação do conhecimento nhecimentos relacionados com o desenvolvimento
dos enfermeiros sobre a dor pediátrica e seus sabe- neurológico da criança, desencadeamento da dor e
res e práticas de cuidados perante a dor na criança. seus efeitos sistémicos (1,90; 1,89 e 1,89, respecti-
A segunda parte, de cariz analítico, relaciona variá- vamente) (Anexo XI).
veis sociodemográficas e a autoavaliação do conhe- Numa escala de 0 a 100 pontos a maioria dos en-
cimento dos enfermeiros com os saberes e práticas fermeiros (19,2%) considera possuir um nível de co-
de cuidados perante a dor na criança. nhecimentos de 66,67 pontos. A autoavaliação va-
riou entre um mínimo de 33,33 pontos e o máximo de
1. Caracterização da população, autoavaliação 100 de pontos com uma média de 68,95 e um des-
vio padrão de 14,96 pontos (Anexo XII).
e saberes e práticas de cuidados
Caracterização da população Saberes e práticas de cuidados perante
A população estudada foi constituída por 250 en- a dor na criança
fermeiros distribuídos pelos 3 hospitais: 146 do Hos- A maioria dos enfermeiros acredita que a dor é
pital pediátrico (HP), 52 do Hospital de Santo André tudo o que a criança diz que é e existe onde diz que
de Leiria (HL) e outros 52 do Hospital de São Teotó- existe. A esmagadora maioria concorda que a dor
nio de Viseu (HV). A percentagem total de respostas causada por exames é desnecessária (72,8%) e
foi de 82,5%, sendo de 81,11% no HP, 82,5% no HV quase metade (43,2%) concorda, embora parcial-
e 86,67% no HL. Dois questionários foram elimina- mente, que a criança deva ser medicada sempre
DOR dos por incorrecto preenchimento. que o pedir (Anexo XIII).
Os enfermeiros encontram-se um pouco divididos
As idades dos enfermeiros variaram entre os 21 e
28 os 58 anos, com uma média de idades de 34,98 quanto ao desenvolvimento da tolerância à dor na cri-
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