Page 28 Volume 11, Número 1, 2003
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L.M. Cunha Batalha: Os enfermeiros e a dor na criança
de com o paradigma teórico desta dimensão. Por tendido é preciso . Ou seja, produz a mesma res-
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outro lado, esta opção permite um melhor equilíbrio posta independentemente da altura e forma de apli-
na distribuição dos itens pelos 6 factores. cação. Estas características são atribuídas pela co-
A distribuição dos itens iniciais pelas dimensões erência interna e estabilidade temporal 28,121 .
da versão final da escala coincidiu com o teorica- Após a análise factorial a coerência interna da es-
mente previsto (Anexo V). cala de saberes e práticas de cuidados perante a
Cada dimensão ficou composta por 4 itens, excep- dor na criança foi avaliada pelo coeficiente alfa de
to a dimensão cuidados farmacológicos, que Cronbach, tendo-se apurado um valor de α = 0,66.
apresenta 5 itens. Como cada item é medido numa A estabilidade temporal foi analisada pelo teste-
escala tipo Likert de 0 a 4 pontos, e para garantir a reteste , com aplicação da escala a um mesmo gru-
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equidade e facilidade de interpretação, os valores da po de 24 enfermeiros que frequentavam o Curso de
escala por dimensão e no seu total foram convertidos Complemento de Formação em Enfermagem na Es-
em escalas que variam entre 0 e 100 pontos. cola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto,
Os algoritmos para a obtenção dos scores trans- em dois momentos sucessivos, com uma semana de
formados nas dimensões e no seu total são os se- intervalo. O cálculo foi efectuado pelo coeficiente r
guintes: de Pearson, tendo-se apurado um valor de r = 0,957;
• Conceito de dor = ∑ (item 1 + item 2 + item 4 + p = 0,000.
item 53)*100/16
• Tolerância à dor = ∑ (item 9 + item 11 + item 12 6. Procedimentos utilizados na colheita dos dados
+ item 51)*100/16 Procedimento 0: Autorização do estudo
• Reconhecimento da dor = ∑ (item 20 + item 29 Para a obtenção da informação junto dos enfer-
+ item 30 + item 31)*100/16 meiros, solicitou-se autorização formal ao Conselho
• Avaliação da dor = ∑ (item 5 + item 25 + item 26 de Administração do Hospital Santo André de Leiria,
+ item 28)*100/16 Conselho de Administração do Hospital São Teotónio
• Cuidados farmacológicos = ∑ (item 44 + item 45 de Viseu e Conselho Directivo do Hospital Pediátri-
+ item 46 + item 49 + item 50)*100/20 co de Coimbra.
• Cuidados não farmacológicos = ∑ (item 37 + Procedimento 1: Reuniões com enfermeiros
item 54 + item 60 + item 62)*100/16 chefes e/ou seus substitutos
• TOTAL DA ESCALA = ∑ (item 1 + item 2 + item 4 Após o despacho de autorização, estabeleceram-
+ item 53 + item 9 + item 11 + item 12 + item 51 + se contactos com os enfermeiros chefes dos vários
item 20 + item 29 + item 30 + item 31 + item 5 serviços para solicitar colaboração na investigação,
+ item 25 + item 26 + item 28 + item 44 + item explicitar os objectivos da mesma, os critérios de in-
45 + item 46 + item 49 + item 50 + item 37 + clusão/exclusão dos participantes e se analisarem e
item 54 + item 60 + item 62)*100/100 seleccionarem as estratégias de colheita de dados
O score máximo significa que os saberes e práti- que melhor se coadunassem com as características
cas de cuidados dos enfermeiros perante a dor na de funcionamento do respectivo serviço.
criança se aproximam do saber científico actualmente Foi nossa preocupação o contacto directo e pessoal
reconhecido como prática cuidativa de excelência. com os elementos que mais de perto estariam envol-
De acordo com o instrumento de colheita de da- vidos na recolha dos dados, não apenas por consi-
dos utilizado na investigação (Anexo VI), o valor to- derarmos essa a nossa obrigação, mas por crermos
tal da escala, distribuição e amplitude dos itens por que a cordialidade e o interesse manifestado pesso-
dimensão, consta no quadro 5 (Anexo VII). almente aumentaria a eficiência dessa recolha.
Para verificarmos as associações entre as diferen- Procedimento 2: Aplicação e recolha dos
tes dimensões e o total da escala dos 25 itens selec- questionários
cionados, utilizamos o coeficiente de correlação de Os questionários foram aplicados pelos enfermei-
Pearson. ros chefes e/ou seus substitutos durante o mês de
Como se pode observar pela análise do quadro 6, Dezembro de 2000, pelo período de 15 dias.
todas as dimensões registam, em relação ao seu to- De um total de 303 enfermeiros responderam ao
tal, coeficientes de correlação (entre 0,347 e 0,625) questionário 252, o que perfaz uma percentagem de
que garantem a unidimensionalidade da escala. respondentes de 83,17%.
Entre as dimensões, verifica-se que a dimensão Foram eliminados por incorrecto preenchimento
cuidados não farmacológicos revela algum dois questionários.
grau de independência relativamente a todas as ou-
tras dimensões da escala. O mesmo sucede entre a
dimensão reconhecimento da dor e as dimen- 7. Tratamento estatístico
sões tolerância à dor e avaliação da dor. Nas As respostas obtidas foram codificadas e introdu-
restantes dimensões, as correlações (entre 0,154 e zidas numa matriz de dados e tratadas em computa-
0,446) indicam a existência de associação entre elas dor utilizando o programa SPSS (Statistical Package
(Anexo VIII). for the Social Sciences) versão 7.5 para o Windows.
Analisada a validade da escala, procedemos à ve- A selecção dos itens e sua organização pelas res-
rificação da sua fiabilidade. Um de um instrumento pectivas dimensões da escala de saberes e práticas DOR
de colheita de dados considera-se fiável quando o de cuidados perante a dor na criança foi realizada
seu grau de coerência na medição do atributo pre- com recurso à análise factorial de componentes 27
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